Com vulgar frequência chegam ao
conhecimento público referencias negativas sobre as contas dos partidos
políticos e logo aparece alguém a dizer que estas organizações que querem
governar o país não são capazes de ter as suas próprias contas em dia.
Ora, no que diz respeito ao Bloco de Esquerda,
as suas contas estão bem e recomendam-se, como se pode ler na edição deste
sábado do insuspeito “Expresso”. Não podemos, pois, deixar de nos
congratularmos com mais esta prova de maturidade de um partido fundado há menos
de 20 anos. Para além do sentido de
responsabilidade política de que o BE sempre tem dado mostras, o cuidado que
tem com as suas próprias finanças é mais uma garantia para todos os eleitores
que lhe confiam o seu voto.
Não podemos, pois, deixar de transcrever
aqui o texto do “Expresso” que tem por tema a actual situação financeira do BE.
Fazemos
uma gestão prudente” e “temos sempre algumas reservas”, diz Sara Rocha. É
tesoureira do Bloco de Esquerda há sete anos e tenta cumprir, nas contas, os
objetivos políticos traçados pela direção de “não estar dependentes da banca”.
Este ano conseguiu o pleno. O BE fechou as contas de 2017 com zero crédito
bancário e encerra as deste ano com o fim das prestações do único contrato de
leasing feito para comprar duas viaturas para o partido. Além disso, tem uma
poupança de €1,2 milhões para fazer face ao futuro. Centeno não poderia desejar
melhor para as contas do país. O BE é assim o único partido sem dívida à banca,
neste momento.
É
um objetivo político ser “um partido de boas contas”, diz Pedro Filipe Soares,
líder da bancada parlamentar do BE e um dos defensores de que é necessária
folga orçamental para precaver o partido das oscilações eleitorais. As últimas
legislativas foram uma bênção nunca vista por aqueles lados, com a garantia de
uma subvenção anual de €1,5 milhões que serviu de almofada financeira. Mas que
só está garantida até ao final da legislatura.
As
coisas podem mudar. “Temos de estar preparados para todos os ciclos eleitorais
sem excesso de otimismo, porque é preciso precavermo-nos e assegurar que o
funcionamento do partido não se ressente seja qual o for o resultado”, diz Sara
Rocha. O BE tem 20 funcionários — “todos com contrato”, assegura a tesoureira —
que, no ano passado, representaram uma despesa de €365 mil. Bem maior é o
encargo que terão as duas campanhas eleitorais do próximo ano: a das europeias
e a das legislativas. São estas as duas maiores despesas que o partido tem em
vista, porque “as subvenções só são pagas a posteriori” e para cumprir o
preceito de não recorrer à banca, importa ter substanciais reservas de lado.
E
o BE tem. De acordo com os dados apresentados junto do Tribunal Constitucional,
no final de 2017, o partido tinha em caixa e em depósitos bancários a quantia
de €1,2 milhões. Sara Rocha confirma que a verba está reservada para a batalha
eleitoral. “Temos uma previsão muito otimista quanto aos resultados, mas
preparamo-nos para se as coisas não correrem assim tão bem.”
A “prudência” e o rigor orçamental
resultaram num ‘lucro’ de mais de €550 mil antes de impostos. As receitas
vieram, sobretudo, da subvenção do Estado, mas também dos eleitos do partido
para os diversos órgãos de poder (Assembleia da República, Parlamento Europeu e
autarquias) que deram uma contribuição registada com o montante de €143 mil. “O
princípio geral estabelecido é que nenhum eleito pode retirar benefício
financeiro do cargo que ocupa”, esclarece Sara Rocha. O valor da contribuição
ao partido é variável, dependendo do nível salarial anteriormente auferido pelo
deputado ou autarca eleito pelo BE — situação idêntica à seguida pelo PCP. Mas,
as comparações com os comunistas terminam aqui. O BE tem apenas €1,5 milhões de
património imobiliário (a sede, em Lisboa), contra €14,7 milhões somados pelo
PCP.
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