Cerca de 90% dos estivadores no porto de Setúbal são
precários: não têm contrato coletivo, são convocados por sms na véspera de cada
dia de trabalho, recebem 47,66 euros por cada turno de oito horas, aos quais
são subtraídos impostos.
(…)
Não têm direito a férias ou a qualquer outro direito
que um contrato lhes daria.
(…)
As suas condições são de tal forma precárias que até a
greve lhes é negada: quem não tem contrato não pode fazer greve e estes estivadores
trabalham à jorna.
(…)
Em todo o processo, o governo desempenhou um papel à
margem do Estado de direito e da Constituição. Primeiro, como denunciado pela
Volkswagen, foi o próprio governo quem se empenhou na substituição dos
trabalhadores precários que promoveram a paralisação.
(…)
Toda a operação foi garantida com recurso a dezenas de
polícias que afastaram do local os estivadores, as famílias que os
acompanhavam, os deputados à Assembleia da República que estavam presentes.
(…)
E pergunto-me: quando é que se tornou normal o Estado
investir recursos públicos na sabotagem de uma paralisação legítima?
(…)
Estamos a entrar num caminho muito perigoso. A defesa
do trabalho é uma obrigação de todos. Em relação à luta dos estivadores, o
governo já passou todas as linhas vermelhas.
A concentração da riqueza nos EUA é
acentuada. Os oito magnatas norte-americanos no topo da lista, seis Waltons e
dois Kochs, possuem tanta riqueza como 44& da população dos EUA
(…)
A imaginação financeira é inesgotável,
mas sai cara.
Francisco Louçã,
Expresso Economia (sem link)
Esta semana vimos morrer trabalhadores
em Borba porque ao longo do tempo os interesses económicos imediatos, privados
e públicos, e o desleixo político se sobrepuseram às medidas indispensáveis
para proteger a vida.
(…)
Esta semana, todos ficámos a saber que,
no porto de Setúbal, um trabalhador pode ter de celebrar e terminar dois
contratos de trabalho num mesmo dia.
(…)
Os seres humanos não podem abdicar da
definição do tempo de trabalho e do tempo de não trabalho para poderem realizar
muitas outras atividades e missões indispensáveis à sociedade, não podem
abdicar dos direitos no trabalho como direitos humanos.
E se 66% dos portugueses consideram que
apesar de vivermos em democracia, haverá sempre uma mesma elite a mandar,
alguma coisa está desfasada.
Pedro Santos Guerreiro,
Expresso (sem link)
Portugal tem de encarar o seu passado
recente em Angola, e assumir responsabilidades por ter sido cúmplice no saque
deste país e nas práticas corruptas.
Rafael Marques,
Expresso (sem link)
Estamos imunizados face aos desmandos
dos banqueiros e da banca. De tal forma que já aceitamos como natural e
expectável o que deveria ser punido social e criminalmente.
Pedro Adão e
Silva, Expresso (sem link)
Como se viu com a perestroika, quando os
povos acreditam na mudança quem a promete pode facilmente perder o controlo e a
mudança acontece mesmo.
Daniel Oliveira,
Expresso (sem link)
Temos décadas de construção costeira por
vezes em lugares que roçam a insanidade.
(…)
Somando todas as áreas que o mar já ganhou
ao litoral português, contam-se 12 quilómetros do país desaparecido debaixo das
ondas desde 1960.
Luísa
Schmidt, Expresso (sem link)
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