A oferta de cuidados paliativos de
qualidade e com cobertura nacional pelo Serviço Nacional de Saúde é
evidentemente essencial.
(…)
Hoje, quem tem dinheiro, vai à Suíça
para que a sua vontade de morrer com serenidade e sem dor, antes que a agonia
ou o adormecimento tomem conta do quotidiano, seja respeitada.
(…)
Na nossa de sociedade contra a morte má
em Portugal, a despenalização da eutanásia é um passo imprescindível.
A União Europeia protege e
continuará a proteger os seus paraísos fiscais, o que significa que nada mudará
nas chamadas políticas de "otimização fiscal" por muito que se
acumulem casos atrás de casos.
(…)
É por demais evidente o
papel que teve [no Luanda Leaks] o offshore
de Malta, um dos paraísos fiscais europeus, e as consequências são, para já,
nulas.
(…)
Os impactos da fraude
fiscal, da evasão de capitais, das práticas prejudiciais e do branqueamento de
capitais nas sociedades europeias são enormes.
(…)
O crime financeiro
continua a compensar na Europa.
A luta de Ramón Sampedro
[o espanhol que ficou tetraplégico na sequência de um mergulho na praia] pelo
direito a terminar a sua vida durou mais de três décadas e não deixou ninguém
indiferente.
(…)
Não deve a lei impor uma
moral sobre o fim da vida, nem os direitos podem cessar no limiar da morte.
(…)
O Estado não impõe o
modelo de fim de vida, antes garante a liberdade para uma decisão individual,
porventura a maior decisão de todas.
(…)
As propostas que serão
debatidas excecionam da criminalização da morte assistida uma condição
específica, em que uma pessoa lúcida e consciente sofre de uma lesão definitiva
ou doença incurável e fatal, está em sofrimento continuado e tem todas estas
condições atestadas por profissionais médicos.
(…)
A “rampa deslizante” de
que alguns falam é a campanha do medo, requentada e batida, que já foi
utilizada no debate da estratégia para a toxicodependência e da interrupção
voluntária da gravidez.
(…)
Se alguma coisa mudou
[agora] não foi a qualidade do debate sobre a morte assistida, que tem sido
elevado e participado, foi apenas o oportunismo político de alguns, que até
usam referendos como manobras dilatórias.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
Ninguém pode decidir se um
sofrimento terminal é ou não legítimo.
(…)
Ninguém se pode arrogar do
espaço de liberdade final de alguém em nome da perpetuação da vida, para além
da vontade quando se sofre tremendamente.
(…)
[Há quem ouse] falar da
obrigação societária de cuidar até ao último sopro de vida quando sempre
menosprezaram o estatuto dos cuidadores informais e o reforço dos cuidados
paliativos.
Estão em curso retrocessos
táticos e estratégicos que vão conduzir os partidos às suas velhas "zonas
de conforto", em desfavor de um rumo coletivo transformador?
(…)
Quando Cavaco Silva na sua
luta contra a nova solução política impôs aos partidos da Esquerda
"união" de papel passado, contribuiu, não sei se conscientemente,
para a formalização de compromissos que se haveriam de revelar importantes no
país e fora dele.
(…)
Os compromissos assumidos [em
2015] não passaram de uma espécie de carta de mínimos, de execução trabalhosa
mas não impossível.
(…)
Não pode desperdiçar
quatro anos numa procura fútil da melhor oportunidade para desencadear uma
crise.
A próxima transposição
para o nosso ordenamento jurídico da Diretiva (UE)
2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019,
relativa à proteção das pessoas que denunciam violações do direito da União,
poderá contribuir para alterar este quadro.
(…)
Sem prejuízo dos direitos
das entidades denunciadas, previstos aliás na própria Diretiva Europeia, quem
por imperativo de cidadania denuncia crimes ambientais também deve ser
protegido de retaliações.
Carlos
Matias, “Público” (sem
link)
Segundo o Folha de S.
Paulo, um em cada três dos 200 municípios brasileiros de
menor rendimento per capita
do país não teve apoios [Bolsa família] entre e Junho e Outubro do ano passado.
(…)
Philip Alston,
especialista da ONU para a pobreza extrema, encontrou em Espanha
características de um país subdesenvolvido, com bairros pobres em que as
pessoas vivem “em condições muito piores que num acampamento de refugiados”.
(…)
Mais de metade da
população espanhola tem problemas para chegar ao fim do mês e mais de um quarto
está em risco de exclusão social.
(..)
Entre 2007 e 2017, [em
Espanha] o rendimento do 1% mais rico da população subiu 24%, enquanto que para
os outros subiu 2%.
(…)
O nível de pobreza no país
[Reino Unido] mantém-se, o pobre é que mudou: já não é o desempregado, mas o
que tem trabalho.
(…)
Com trabalhos mais
precários e mal pagos e o preço da habitação a subir, a pobreza é hoje uma
ameaça que paira sobre uma fatia substancial dos agregados familiares
britânicos.
(…)
Sobreviver sendo pobre nos
EUA é um esforço tão grande que pouco tempo resta para sonhar.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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