A quezília sobre a ida de Centeno para o
Banco de Portugal é uma encenação curiosa.
(…)
Os friedmanistas argumentaram que a
independência dos bancos centrais era a forma de combater a inflação,
entregando aos tecnocratas o controlo que era retirado aos políticos. A
justificação era abertamente antidemocrática.
(…)
[Segundo os sucessores de Milton Friedman],
a política monetária só poderia alterar preços, ou seja, estimular a inflação,
e não respondia a uma recessão.
(…)
O próprio banco devia promover a
desregulamentação para favorecer o mercado.
(…)
O banco central independente é a
contraparte ideal para um sistema financeiro desregulado, como aliás se
verificou nas histórias recentes dos EUA e da Europa.
(…)
O resultado foram 30 anos de desastres e
banditismo financeiro conduzindo à crise financeira e recessão de 2008-9. E,
quando foi preciso salvar o euro, foi a política monetária expansionista que
foi usada, contrariando o dogma.
(…)
A independência é um embuste e, por mim,
prefiro a responsabilidade democrática, que seja um poder eleito a responder
pelo banco central do que um tecnocrata.
(…)
Não sei se [Centeno] não quer formar um
governo-sombra na Rua do Ouro, em nome de tal independência do banco.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
As nossas sociedades dependem de tabus,
limites e vergonha para operarem.
(…)
Portugal é um país com mais racismo do
que gostamos de reconhecer o que aliás é sugerido pelos inquéritos europeus e
comprovado quotidianamente.
(…)
A questão está aí: a vergonha de se ser
racista está a dissipar-se – como a vergonha em relação a muitas outras
posições moralmente inaceitáveis.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Marega acordou uma parte silenciosa do
país.
(…)
Dez comentários a dizer que vão deixar de
votar nele [André Ventura] e assuata-se, umas críticasna imprensa e muda o
programa.
(…)
O gesto de Marega não calará um único
grunho. mas o nosso silêncio passou a não ter desculpa.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Se deixamos de acreditar nos juízes,
passamos a acreditar em nada.
(…)
Ficamos a saber que há sorteios
automáticos [de juízes] que afinal são manuais que afinal não são sorteios.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
[No mundo do futebol] há leis mas mal se
aplicam, como se começa a perceber pelo que sucedeu em Guimarães no passado fim
de semana.
Editorial, “Expresso”
(sem link)
Não é a eutanásia que mata
velhinhos, mas a falta de dignidade, a falta de tempo, a falta de amor.
(…)
[A eutanásia é] para
pessoas conscientes da sua dor, da sua vida e da sua morte, que querem ter
o direito a morrer com dignidade.
(…)
Se queremos vida, é
preciso apostar em mais direitos para os trabalhadores, para que possam ser
cuidadores sem medos de perderem o emprego caso tenham de tirar dias para
acompanhar os filhos ou os pais.
(…)
É preciso apostar em mais
qualidade de vida para que tenhamos direito a uma morte digna.
Bárbara
Wong, “Público” (sem
link)
Passos voltou em força.
Acompanharam-no todos os pesos pesados dos seus quatro anos de empobrecimento
dos portugueses.
(…)
O modo como os
desenvolvimentos políticos acontecem vai trazendo para cima da mesa um deslizar
do PS para o centro, onde Rui Rio proclama que é o seu lugar.
(…)
Passos parece ter decidido
convidar o diabo para infernizar a vida de Rui Rio.
Domingos
Lopes, “Público” (sem
link)
É difícil encontrar tema tão debatido neste país
[como o da despenalização da eutanásia].
(…)
Se [Marcelo] vetar, será
apenas pelas suas convicções pessoais, pois todos os estudos de opinião
realizados nos últimos anos mostram, de forma inequívoca, que a sociedade
portuguesa deseja a despenalização da morte assistida.
Bruno Maia, “Público”
(sem link)
O mito da «existência residual» [do
racismo] vem do pré-Abril e de um Portugal «multirracial», desenhado do Minho a
Timor, que escondia graves antagonismos de natureza étnica, tal como a lógica
corporativa o fazia em relação às classes sociais.
(…)
Já o mito de uma relação de
«cordialidade» dos portugueses brancos e negros tomou inúmeras vezes a dimensão
de paternalismo que jamais deixou de ser uma outra forma de racismo.
(…)
Portugal não é um «país racista». Mas é
um país onde inegavelmente existe racismo e se movimentam muitos racistas.
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