A
pobreza em Portugal, como em qualquer parte do mundo, tem a ver com opções
políticas. É inconcebível que, numa altura em que nunca houve tanto dinheiro a
circular pelo mundo, se assista ao aprofundamento das desigualdades na distribuição
dos rendimentos.
A
pobreza, e de um modo particular a pobreza de crianças e jovens é o tema de um
artigo de opinião inserido no Público de hoje e assinado por Membros do Núcleo do Manifesto para um
Mundo Melhor
(*). Devido à extensão do texto optámos por transcrever apenas os excertos que
consideramos mais significativos.
Nunca houve tantos recursos no mundo. Como
permitimos que tantas crianças continuem a crescer na pobreza?
(…)
Em Portugal, as desigualdades de distribuição
de rendimento são das maiores da OCDE e da União Europeia e os últimos dados
disponíveis (2013) apontam para o seu crescimento. Em 2013, uma pessoa
pertencendo aos 10% mais ricos dos portugueses tinha em média um rendimento
11,1 vezes maior que uma pessoa pertencendo aos 10% mais pobres. Associada a
esta elevada (e crescente) desigualdade de distribuição de rendimento, existe
em Portugal um grande número de pessoas em situação de pobreza. O seu valor
caiu nos primeiros anos deste século mas, segundo o INE, o número de 2013
(19,5%) é quase idêntico ao de 2003 (20,4%). Boa parte destes pobres são
crianças e jovens com menos de 18 anos, a sua taxa de pobreza é maior que a
média nacional (25,6% versus 19,5%) e é entre as crianças
e jovens que esta taxa mais tem aumentado.
(…)
A forma como as políticas educativas têm sido
desenhadas envolve, em boa parte, a exclusão dos mais pobres do sistema de
ensino e, em sequência, a sua relegação para as posições menos desejáveis do
mercado de trabalho, reproduzindo-se assim a pobreza ao longo da vida e entre
gerações.
(…)
Se na Constituição e na Lei de Bases do Sistema
Educativo portuguesas é reconhecido o acesso universal à educação e
oportunidades iguais para todos, a pobreza infantil vem impedir que se
concretizem os valores subjacentes àqueles normativos levando a que, em boa
parte, não passem de retórica vazia. Não é por acaso que os indicadores de
escolaridade e de escolarização da população portuguesa (crianças e adultos)
são dos piores da União Europeia e da OCDE.
(…)
Sendo as fortes desigualdades de distribuição
de rendimento que se verificam em Portugal o resultado de opções políticas, a
pobreza infantil e o seu aumento são consequências de políticas centradas na
extração do rendimento dos indivíduos por via do estado em benefício de
determinadas elites nacionais e seus aliados.
(*) Pedro AbrantesMaria José Casa-NovaFernando DiogoCarlos EstêvãoRafaela GangaJoão Teixeira LopesBenedita PortugalSofia Marques da Silva
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