É
preciso que Passos Coelho e toda a estrutura partidária do PSD não tenham pingo
de vergonha na cara para aceitarem a possibilidade de Miguel Relvas voltar a
candidatar-se a deputado nas próximas legislativas, ainda por cima, como cabeça
de lista. Estão claramente a brincar com o alheamento dos portugueses em termos
de participação na vida cívica, para lhes tentarem impingir de novo um dos
maiores trapaceiros que a nossa democracia já conheceu.
Os
dados estão lançados e o primeiro acto pode ter a ver com a apresentação de um
livro de Relvas (supostamente escrito por ele). A aposta é forte já que será
Durão Barroso a apresentar o livro, cujo prefácio é assinado por José Maria Aznar,
antigo presidente do governo de Espanha, entre Maio de 1966 e Abril de 2004.
Sendo
certo que "a possibilidade de Relvas ser cabeça de lista em Santarém não é pacífica dentro do PSD", não é menos verdade que o ex-ministro da Presidência e
dos Assuntos Parlamentares continua a gozar de amplos apoios dentro do partido,
ao mais alto nível. Recorde-se que Relvas deixou o Governo, desgastado pela acusação
de fraude na obtenção da licenciatura e, enquanto exerceu funções foi um dos
ministros mais contestados do Governo.
Como
complemento da abordagem deste tema, deixamos aqui a transcrição de um texto do
investigador Rui Curado da Silva que transcrevemos do Diário as beiras de hoje.
Quando
se constrói a geografia política dos amigos de Miguel Relvas é impossível ficar
indiferente à amplitude da máquina de influências que Relvas montou. Já conhecíamos
o poder que continua a deter sobre Passos Coelho e Paulo Pereira Coelho, todos
eles envolvidos no caso Tecnoforma que está sob investigação do OLAF (Gabinete
de Luta Antifraude da União Europeia). É agora público que Durão Barroso apresentará
um novo livro de Relvas e Aznar assinará o prefácio. O Durão Barroso que em
Abril do passado ano proferiu que o ensino em Portugal deveria ser mais
exigente é o mesmo Durão Barroso que irá apresentar um livro de Relvas, a encarnação
suprema da exigência do ensino. Mas este é um irrelevante detalhe comparado com
o serviço que um ex-presidente da comissão irá prestar a uma pessoa que está a
ser investigada por múltiplas fraudes curriculares e suspeito de beneficiar a
Tecnoforma quando foi Secretário de Estado da Administração Local. O ex-poítico
mais descredibilizado do país demonstra ter um poder notável sobre o nosso
primeiro-ministro e o ex-Presidente da Comissão Europeia. Espero que a Procuradoria
Geral da República se interesse por esta questão e sobretudo que comunique
muito como OLAF.
Em Abril, Rodrigo Rato,
vice-presidente do governo de Aznar, começou a ser investigado por fraude
fiscal. Afinal faz todo o sentido o favor de Aznar a Relvas.
Sem comentários:
Enviar um comentário