Na
conclusão da abordagem da asfixia do SNS que temos vindo a realizar a partir de
um artigo de opinião (*) que encontrámos no Diário de Coimbra do passado dia
3/6/2015, referimos hoje o aumento significativo dos gastos das famílias com a
saúde. Este é talvez um assunto de fácil compreensão para a generalidade da população
porque todos nós já sentimos o aumento do custo dos medicamentos, por via da
menor comparticipação do Estado, quando vamos a uma farmácia aviar uma receita.
Também é do conhecimento geral que um cada vez maior número de pessoas não
compra todos os medicamentos prescritos pelo médico porque não tem dinheiro
para os pagar. É uma realidade que urge denunciar perante a maldosa propaganda
do Governo que se faz sentir nesta como em muitas outras áreas.
A
despesa global com cuidados médicos diminuiu acentuadamente em Portugal, de tal
forma que a percentagem que representa no Produto Interno Bruto (PIB) baixou
para 9,5% em 2012, recuando para níveis inferiores aos de 2005. Esta descida
obrigou as famílias a gastarem mais dos seus bolsos com a saúde, significando
uma das maiores subidas (4,7%) a nível europeu, o que representa quase o dobro
da média da União Europeia (2,9%). Muitos doentes começaram a faltar às
consultas e não realizavam os exames que o médico tinha pedido, outros chegavam
às farmácias e não tinham dinheiro para comprar todos os medicamentos que
constavam nas receitas (16% dos portugueses deixaram de comprar medicamentos
por falta de dinheiro – estudo recente da Universidade Nova) e muitos outros
foram obrigados a interromper a medicação porque já deviam muito dinheiro nas
farmácias. Os “cortes brutais” nos salários, nas pensões, famílias desempregadas,
criaram uma situação social gravíssima em Portugal, tendo o Instituto Nacional
de Estatística (INE) divulgado recentemente dados que comprovam um aumento
preocupante da pobreza, entre 2011 e 2013 mais de 450 mil pessoas caíram na
situação de pobreza! Uma situação destas exigia um SNS a funcionar em pleno
para dar respostas eficazes a situações de grande debilidade social, mas não,
este governo fez o contrário – fragilizou o SNS ao ponto de se temer o seu
colapso como António Arnaut alertou recentemente.
Nota:
Com as eleições à porta (4 meses) o Ministério da Saúde acordou sobressaltado e
agora promete tudo: mais contratos com médicos, com enfermeiros, com técnicos,
com administrativos, mais Unidades de Saúde Familiar, mais cuidados
continuados, mais camas disponíveis, mais cirurgias, mais medicamentos, mais
centros de saúde a funcionar, mais tudo!!! Para além do ridículo, ninguém pode
levar a sério estas fantasias eleitoralistas.
(*) João Rui Gaspar de Almeida, Presidente da
Delegação da Fundação Portuguesa do Pulmão
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