quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DECLARAÇÃO POLÍTICA DE CATARINA MARTINS PUBLICADA HOJE NO DIÁRIO AS BEIRAS



O Diário as beiras publica hoje uma série de declarações políticas dos cabeças de lista dos partidos concorrentes às Eleições Legislativas 2015 pelo distrito de Coimbra assim como dos lideres dos partidos com assento no Parlamento. Destacamos a declaração de Catarina Martins.
A diferença que o Bloco faz
Já não é tempo para continuar a falar da culpa dos outros.
E nem preciso de recuar à campanha eleitoral de 2011 e ai célebre primeiro de Abril em que Passos Coelho prometeu a uma jovem que nunca iria cortar subsídios de férias. Basta lembrar o que a maioria aqui aprovou depois de eleita, o programa do Governo. Nesse contexto “o desafio do futuro” é seguramente o mais amargo: em quatro anos de redução de rendimentos, emigração e instabilidade laboral, a natalidade caiu mais do que em toda a década anterior e, hoje, uma em cada três crianças vive na pobreza.
No país onde o emprego é cada vez mais uma miragem, substituído pelo estágio que se tornou a norma nos anúncios de posto de trabalho, e onde o salário médio dos novos contratos se fica pelos 581 euros brutos, o governo quer cortar ainda mais. 581 euros é muito, lamenta o primeiro-ministro, dizendo que os custos do trabalho são a reforma por fazer. No país onde pais e avós se sacrificaram para que filhos e netos pudessem estudar, e que hoje os vêem partir para outros países ou viver no calvário da procura de um estágio, a maioria garante a todas as gerações que o caminho a aceitar é viver sempre pior. Repete o governo que sete em cada dez estagiários encontra emprego, muito embora o Banco de Portugal tenha dito já que é exatamente ao contrário, e sabemos que o Estado é o primeiro a dar o exemplo: em cada dez estagiários, dez continuam desempregados no fim do estágio.
O país precisa de emprego, sim. E de salário. Só recuperando rendimento das famílias se pode resgatar o país. É urgente repor salários e pensões. E é urgente garantir subsídio social de desemprego a todas as pessoas, sem outro rendimento, que estão sem emprego. A recuperação do poder de compra de quem menos tem é tanto uma exigência de dignidade e direitos humanos como de recuperação económica. Esse rendimento é imediatamente injetado na economia, porque quem tem menos não investe em paraísos fiscais. Essa reanimação do mercado interno, invertendo o ciclo das insolvências e permitindo a criação de emprego, é o primeiro e determinante passo para a recuperação da economia.
Não aceitamos que não haja recursos para o fazer. Em Portugal o rendimento do trabalho nestes anos baixou de 48% do PIB para 43%. Não é falta de dinheiro. É falta de o distribuir bem. uma reforma fiscal efetiva, que alivie o IRS e vá cobrar impostos onde nunca foram cobrados, pode permitir devolver às famílias mais de seis mil milhões de euros de rendimento. A retórica da direita, sobre a necessidade de baixar a tributação do capital para atrair investimento, provou-se errada. Não atraíram qualquer investimento produtivo para o país. Alguém se lembra de uma única grande empresa que tenha vindo para o país? Acabar com as isenções de fundos imobiliários, recuperar a tributação do IRC, tributar segundo a sede efetiva, taxar as grandes fortunas, são opções que um governo pode e deve fazer para defender o seu povo. A reforma fiscal e a devolução dos rendimentos são essenciais, mas Portugal não se esgota nas nossas fronteiras. Daí a exigência de encararmos o problema das dívidas e a necessidade da sua reestruturação, em vez de continuar o ciclo infernal da salvação de um sistema financeiro insaciável. Esconder do debate, como escondem PSD/CDS e PS, que as consequências do Tratado Orçamental que assinaram são, pelo menos, mais duas décadas de austeridade, é falhar na resposta essencial. Vivemos dias que exigem coragem e, em Portugal, se dos socialistas ouvimos silêncio e ambiguidade a mais, da direita encontramos o fundamentalismo do empobrecimento da maioria.
Ser subalterno à finança pode dar belas fotografias em Bruxelas ou Estrasburgo, mas só afunda a Europa e Portugal. Este é o tempo da prioridade a quem mais precisa e da coragem de defender o país. É essa a diferença que o Bloco faz.    

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