Já
nos habituámos a ouvir o Papa Francisco chamar os bois pelos nomes, sem
quaisquer rodeios.
O
chefe da Igreja Católica, com esta postura, vai granjeando inimigos por todo o
sistema capitalista, seu alvo de muitas críticas directas. Talvez não seja tão
enigmática quanto possa parecer a afirmação do Papa no sentido de pensar que o
seu pontificado iria ser curto. Para bom entendedor…
Curiosamente,
Francisco não está a fazer mais do que pôr em prática a mensagem do Evangelho,
sempre deturpada, ao longo de milénios, em favor dos ricos e poderosos. Quando há
pouco tempo o apelidaram de “socialista”, a sua resposta foi de que, se ele é
socialista, também Cristo o era. Enfim, vamos esperar que o seu pontificado se
prolongue pelo tempo suficiente para, seguindo a actual linha, lance as bases
de uma religião realmente ao serviço dos mais pobres e desprotegidos ou seja,
de uma verdadeira justiça social.
A
postura do Papa serve de pretexto para o pequeno excerto da crónica de Frei Bento
Domingues, hoje no Público cuja leitura recomendamos vivamente.
Não
renego o que escrevi, mas a realidade actual é outra. A jornalista Aura Miguel
perguntou ao Papa Francisco como estava a viver a crise dos refugiados. A
resposta deveria ser o nosso texto de meditação para não nos satisfazermos com
alguns gestos de solidariedade, deixando o mundo correr na sua loucura para a
guerra que se prepara sob os nossos olhos: “Vemos estes refugiados, esta pobre
gente que escapa da guerra, da fome, mas essa é a ponta do icebergue. Porque
debaixo dele, está a causa; e a causa é um sistema socioeconómico mau e
injusto, porque dentro de um sistema económico, dentro de tudo, dentro do mundo
- falando do problema ecológico -, dentro da sociedade socioeconómica, dentro
da política, o centro tem de ser sempre a pessoa. E o sistema económico
dominante, hoje em dia, descentrou a pessoa, colocando no centro o deus
dinheiro, que é o ídolo da moda. Ou seja, há estatísticas, não me recordo bem
(isto não é exacto e posso equivocar-me), mas 17% da população mundial detém
80% das riquezas”.
Os ídolos da eterna
juventude, do permanente crescimento económico, do dinheiro, do totalitarismo
da falsa comunicação alimentam-se do desejo de todos ao serviço de uma elite.
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