quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O DEDO NA FERIDA DA POLÍTICA CIENTÍFICA


O texto seguinte, que transcrevemos do Diário as beiras de hoje, é da autoria de Rui Curado da Silva, investigador e candidato do Bloco de Esquerda às Legislativas 2015 pelo distrito de Coimbra. Este nosso camarada coloca o dedo na ferida da política deste governo no que diz respeito à ciência, um autêntico desastre. Para além de cortes e mais cortes nesta área, a dupla Passos/Portas deu-se ao luxo de desperdiçar enormes recursos de Portugal na formação de quadros no ramo científico que agora estão a contribuir para o enriquecimento de outros países.
Desde que este governo tomou posse, o desgoverno da política científica foi imediato. O Ministério da Ciência foi integrado no Ministério da Educação para poupar em serviço de secretaria. Na prática não foi integrado o Ministério da Ciência, foi extinto, não existe política científica. Paradoxalmente em tempo de crise e ao contrário de muitos exemplos recentes de países que apostaram com algum sucesso na ciência para combater a crise, este governo interveio na ciência apenas para aplicar cortes. Foram cortes nas bolsas, cortes nos projetos, cortes nos orçamentos das universidades, cortes nos orçamentos dos centros de investigação e cortes na divulgação científica.
As raras intervenções públicas de Passos Coelho sobre a ciência apenas revelaram a sua profunda ignorância, inventou indicadores estatísticos, fez interpretações anedóticas da evolução da ciência no tempo de Mariano Gago, em suma esteve à altura do seu currículo académico.
Nestes últimos quatro anos emigraram numerosos colegas de norte a sul do país. Foram formados durante décadas nas nossas escolas e universidades, foi um importante investimento nacional que agora é aproveitado por outros países.
Um governo que não sabe o que fazer com alguns dos seus recursos humanos mais valiosos é um governo que não merece o país nem as pessoas que governa.

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