Deixamos a seguir o teor da intervenção
da bloquista Célia Alfarroba, membro da Assembleia de Freguesia de Portimão, no
debate promovido pelo Movimento Democrático das Mulheres, subordinado ao tema “As mulheres no poder local no Algarve. Vivências ao
longo de 40 anos do Poder Local Democrático”, que ontem teve
lugar em Faro.
Os nossos parabéns à Célia pela sua
excelente intervenção.
“As mulheres no poder local no Algarve.
Vivências ao longo de 40 anos do Poder Local
Democrático”
Debate promovido pelo Movimento Democrático das
Mulheres – MDM
Auditório do Museu Municipal de Faro, no dia 19 de
novembro de 2016
Intervenção de Célia Alfarroba, membro da Assembleia
de Freguesia de Portimão
Senhora Secretária Nacional do Movimento Democrático
das Mulheres
Senhora Conselheira do Movimento Democrático das
Mulheres
Senhora Vereadora da Câmara Municipal de Faro
Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Faro
Senhora Presidente da Câmara Municipal de Silves
Minhas senhoras e meus senhores
Em primeiro lugar os meus
cumprimentos a todas e a todos os presentes.
Também queria agradecer o convite que o Movimento
Democrático das Mulheres me endereçou para participar neste debate subordinado
ao tema “As mulheres no poder local no Algarve. Vivências ao longo de 40 anos
do Poder Local Democrático”.
Com efeito, comemoram-se este ano 40 anos do Poder
Local Democrático, uma das principais conquistas da Revolução de abril. O 25 de
abril devolveu a democracia a Portugal, depois de 48 anos de ditadura. Este
importante acontecimento da nossa História deu ao povo português, entre outras
coisas, a liberdade de escolher e votar nos seus dirigentes locais, de qualquer
indivíduo, incluindo homens e mulheres, se candidatar a cargos públicos. Ou
seja, deu-nos a oportunidade, também a nós mulheres, de participarmos
ativamente na vida política e sermos parte fundamental nas decisões que são
tomadas a nível nacional e local.
Mas nem sempre foi assim. Antes de 1974, o país vivia
sob o domínio de um partido único, a União Nacional, e todos os dirigentes
políticos, desde o Governo aos deputados da então chamada Assembleia Nacional,
aos Presidentes e vereadores das Câmaras Municipais, aos Presidentes e vogais
das Juntas de Freguesia, eram nomeados dentro desse partido único e onde as
mulheres estavam praticamente ausentes.
Ou seja, o povo não tinha opção de escolha, não
possuía a liberdade de participar, de uma forma livre e democrática, nessas
escolhas. E quanto às mulheres, as mais discriminadas da sociedade, na prática
estavam proibidas de participar na vida política.
Depois da Revolução dos Cravos, ocorrida na madrugada
do dia 25 de abril de 1974 pelo Movimento das Forças Armadas, Portugal passou a
viver num regime democrático. Contudo, e como acontece sempre depois de uma
revolução, não se efetuaram logo eleições, pois era necessário estabilizar
primeiro o país e proceder à organização das instituições, para que se pudesse
levar a cabo todo o recenseamento eleitoral e dar tempo às estruturas
partidárias de se organizarem e apresentarem as suas propostas.
Assim, só no dia 12 de dezembro de 1976 se realizaram
as primeiras eleições autárquicas democráticas. Nestas eleições, foram eleitos
muitos milhares de autarcas, onde se incluiram muitas mulheres, nas Câmaras
Municipais, Assembleias Municipais e Freguesias, um pouco por todo o país. Pela
primeira vez, depois de largos anos de repressão, o povo decidia livremente
sobre os seus destinos, elegendo muitos homens e muitas mulheres para cargos
políticos.
Foi também o que aconteceu no Algarve, nos 16
concelhos que compõem a região. E já lá vão 40 anos de Poder Local Democrático
também no Algarve, onde muitas mulheres participaram e participam nas decisões
coletivas das suas localidades. Trata-se de uma experiência muita rica e que
vale a pena continuar. Acima de tudo na defesa das suas populações e das suas
reivindicações.
Apesar de ter entrado tarde na política ativa como
autarca, nomeadamente como membro da Assembleia de Freguesia de Portimão,
eleita nas listas do Bloco de Esquerda em 2013, considero que tem sido uma
experiência muito rica.
Juntamente com os meus camaradas, tenho contactado ao
longo deste tempo as populações da Freguesia e até do Concelho de Portimão.
Oiço as suas queixas, os seus problemas e reivindicações, e tenho procurado
colocar essas questões nas reuniões da Assembleia de Freguesia, através de
recomendações, moções e perguntas endereçadas ao Executivo da Junta de
Freguesia.
As questões que tenho levado às reuniões da Assembleia
de Freguesia têm sido as mais diversificadas, desde os buracos de uma rua, a
não existência de bocas de incêndio em prédios camarários, a falta de
reabilitação de jardins públicos, a falta de segurança em algumas zonas, a
injustiça de colocação de parquímetros, a falta de placas toponímicas em
algumas ruas, passando pela degradação de casas de banho públicas.
Muitos
mais assuntos tenho procurado levar às reuniões. Tem sido um trabalho coletivo,
realizado juntamente com os meus camaradas. Acima de tudo, procuro servir com
humildade e dedicação, como mulher e como autarca, as populações da minha
Freguesia e do meu Concelho. Além disso, tenho também aprendido muito, pois a
vida é uma constante aprendizagem.
Viva o
Poder Local Democrático.
Obrigado pela vossa atenção.
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