sexta-feira, 25 de novembro de 2016

DESMASCARAR CRISTAS


Ainda há pouco mais de um ano a actual líder do CDS fazia parte de um governo que deu tratos de polé à maioria dos portugueses onde os mais pobres foram os mais atingidos e, de há algum tempo para cá, as suas declarações políticas evidenciam uma enorme desfaçatez como se não tivesse nada a ver com o que então se passou. Os nossos concidadãos são tomados como desmemoriados e parvos numa estratégia de Cristas de afirmar “tudo e o seu contrário para se guindar ao poder e aí fazer exatamente o avesso do que havia proclamado”. Exemplo disso é o artigo de opinião que assina no Público desta terça-feira, muito bem escalpelizado por Domingos Lopes na edição de hoje daquele diário.
Para se avaliar o desempenho de quem quer que seja olhamos para as palavras e sobretudo para os atos. No amor é certo que palavras bonitas são melhor recebidas que as agressivas. Mas ainda aí se as palavras não forem acompanhadas de gestos e atos que confiram materialidade às palavras estas são apenas palavras…
Não é que as palavras não tenham importância, mas o que assume a verdadeira coerência é a unidade entre o que se diz e o que se faz.
A Dra. Assunção Cristas foi uma das principais figuras do governo de Passos Coelho e teve seu cargo pastas tão importantes como a Agricultura e o Mar. Paulo Portas foi nº 2 do governo. Mota Soares teve a importantíssima pasta da Segurança Social.
Que amor espalhou a nova líder do CDS? Que amor espalharam os dirigentes do CDS no governo do desamor? Como foram ao encontro das pessoas? Que fizeram no governo há alguns meses para assegurar que…”A forma é a ligação direta às pessoas e aos seus problemas quotidianos. Às suas aspirações, às suas inquietudes…”
Mais adiante no texto publicado no PÚBLICO de 22 de novembro afirma que é preciso estar junto das pessoas e…” ser esse o modo de estar…” Se assim é por que fugia Pedro Passos Coelho dos agricultores, dos professores, dos enfermeiros, dos médicos, dos trabalhadores da função pública, dos portugueses e não se aproximava deles a explicar que tinham de empobrecer?
A líder do CDS entusiasmada com a sua nova batalha por Lisboa desata o verbo e defende …” O discurso radical do amor não apenas tolera ou respeita cada um na nossa sociedade, ama-o na sua integralidade e plenitude, mesmo se não compreende, e procura encontrar a concórdia…”  E prossegue…”Explicando aos esquecidos da globalização que temos de trabalhar para encontrar oportunidades para todos, e que não é fechando-nos sobre nós próprios que seremos mais bem sucedidos…”
No mesmo do texto, Assunção Cristas confessa que aos políticos como ela não lhe é conveniente explicar as políticas que seguem e essa opacidade abre o espaço para os discursos radicalistas.
De modo resumido a dirigente máxima do CDS em nome do” radicalismo do amor” vem pregar à maneira de São Tomás fazendo recair sobre si própria e o seu partido o manto da desfaçatez que consiste em dizer tudo e o seu contrário para se guindar ao poder e aí fazer exatamente o avesso do que havia proclamado.
Durante quatro anos Assunção Cristas girou no alto do Ministério da Agricultura a espalhar empobrecimento pelos campos e pelo mar de Portugal. Umas fotos na Feira de Santarém e umas idas a Bruxelas para amochar aos ditames dos burocratas sem coração, cortando nos subsídios aos agricultores e nas quotas dos pescadores.
Concomitantemente os seus camaradas do CDS participavam alegremente no vasto plano de empobrecimento do governo PPD/CDS.
A líder do CDS apostou no empobrecimento dos portugueses e não lhes explicou nada que tivesse a ver com amor, antes mandando-os com desprezo abandonar as áreas de conforto emigrando…
A líder do CDS cortou vencimentos a todos os funcionários públicos, incluindo os do seu ministério e que estavam mesmo pertinho dela, explicando-lhe que eram calaceiros, trabalhavam pouco e para ganhar a tal competitividade global tinham de ficar sem feriados. Tudo sem qualquer pingo de amor…muito menos radicalista.
A líder do CDS e os seus camaradas de partido mais os do PSD passaram quatro anos, em nome do radicalismo da pobreza austeritária, a gabar-se que cortavam mais que o que pretendia o FMI e a U.E.…
E em nome do radicalismo das políticas anti sociais a privatizar tudo o que pudesse dar lucro aos fabulosamente ricos e lançando no desemprego dezenas de milhares de seres humanos de que agora acordada para as eleições a líder do CDS se lembra.
A líder do CDS nunca em momento algum achou que o seu programa de governo que fez aumentar as filas da sopa dos pobres e mergulhou na pobreza um quarto dos portugueses se encaixava nesta nova modalidade de amor radicalista.
A líder do CDS aceitou sem qualquer meia lágrima de compaixão que os pobres aumentassem e que os mais pobres ficassem ainda mais pobres e os ricos mais ricos. E tudo isto em nome da competitividade onde os seres humanos não são sujeitos passiveis de serem tidos em conta na sua humanidade, mas números que se têm de adaptar aos mercados que mandam no mundo como tão bem pregava o Primeiro-Ministro do seu governo.
A líder do CDS em momento algum deu sinais de devotado amor aos portugueses, muito menos de um amor radicalista.
Provavelmente trata-se de um radicalismo de direita de fachada amorosa em que o essencial é esconder o que lhe vai na alma pelos cálculos políticos em ano de eleições em Lisboa em que concorre sem a muleta do PPD.

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