Da
leitura do Expresso online de hoje, há três pontos que entendemos merecer
especial destaque para quem é de esquerda:
1
– Os dados da primeira sondagem pós-autárquicas são especialmente favoráveis à
“geringonça” com um total de 57,5% de intenções de voto, verificando-se uma
subida de toda a esquerda e uma descida da direita, onde se destaca a do CDS,
como que a provar que todo o alarido à volta do bom resultado que Cristas
obteve em Lisboa nas autárquicas, não impressionou minimamente os portugueses
em relação ao todo nacional.
2
– A opinião de mais de metade dos nossos cidadãos no sentido de que o PS deve
lutar por uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.
Este
ponto merece uma séria reflexão de Bloco e PCP dado que, por alguma razão, uma
grande parte dos eleitores portugueses podem estar a ser induzidos em erro no
sentido de que a melhoria das nossas condições de vida obtida nos últimos dois
anos é, sobretudo, mérito do PS. Nada mais errado. Se é verdade que é este
partido que dá a cara pelos bons resultados obtidos através das políticas
levadas a cabo pelo Governo, não é menos verdade que muito do trabalho para o
sucesso dessas políticas é proveniente da esquerda à esquerda do PS, menos
visível porque menos referido na comunicação social. Por isso, é muito importante
que, particularmente o Bloco, faça um redobrado esforço no sentido de
esclarecer as pessoas de que as políticas empreendidas pelo PS, com maioria
absoluta, descambariam a favor do capital e contra o trabalho, como toda a história
recente nos ensina. É a pressão da esquerda sobre o PS que não deixa este
partido resvalar para a direita.
3
– O texto assinado por Nicolau Santos, onde este jornalista da área económica,
insuspeito de qualquer esquerdismo, começa por afirmar que o Orçamento do
Estado para 2018 vai “acabar de vez” com a propalada “austeridade de esquerda”.
Em poucas palavras é feita uma súmula do
que é mais importante e ficamos com uma ideia aproximada das suas principais
linhas orientadoras.
A proposta de lei do Orçamento do Estado para 2018
reforça os sinais dos dois anteriores orçamentos: reposição de salários e
pensões, bem como dos apoios sociais cortados durante o período 2011-2015;
continuação do desagravamento fiscal; mas, ao mesmo tempo, mantém a redução do
défice orçamental e aponta para uma significativa diminuição da dívida pública
em percentagem do PIB. É muito difícil dizer, depois disto que; 1) não havia
alternativa à política da troika e do Governo PSD/CDS; 2) que esta é uma
austeridade de esquerda. Este orçamento é expansionista.
O OE/2018 é claramente mais favorável ao trabalho que
ao capital; preocupa-se bem mais com os trabalhadores, os reformados, os
pensionistas, as famílias, do que com as empresas; vai buscar dinheiro a bens
importados (nomeadamente o setor automóvel) e a produtos alimentares que podem
ser prejudiciais à saúde; onera o recurso ao crédito para consumo; mantém a
taxa de energia sobre Galp, REN e EDP; as contribuições extraordinárias da
banca, energia e farmacêuticas mantém-se; aumenta a derrama para empresas com
lucros acima dos 35 milhões de euros (medida ainda não confirmada no momento em
que escrevo); contempla um aumento extra de seis a dez euros para os
pensionistas; continua a repor os valores do Rendimento Social de Inserção,
Complemento Solidário para Idosos e o abono de família; desaparece o corte de
10% que se aplicava ao subsídio de desemprego ao fim de seis meses; os cortes
no valor das horas extraordinárias dos trabalhadores da administração pública
acabam; e as progressões nas carreiras serão totalmente descongeladas em 2018 e
2019.
Mais Aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário