O texto que o prof. Boaventura Sousa Santos assina na “Visão” de hoje é mais uma prova de que os opositores ao sistema que governa o mundo têm uma extrema dificuldade para fazer aceder à comunicação social a denúncia das injustiças a que a maioria dos cidadãos é sujeita para que uma pequena minoria continue a controlar as nossas vidas em seu benefício. Uma voz dissonante da dos papagaios do regime é completamente abafada por um sem número de opiniões contrárias e vai dando para se dizer que temos liberdade de opinião. Uma liberdade cada vez mais vigiada, à medida que mais gente se vai apercebendo que, cada vez mais, “as instituições criadas para obedecer aos cidadãos” são subvertidas por forças não sujeitas a qualquer controlo democrático. O artigo de opinião em apreço pouca divulgação vai ter para além dos leitores da revista por fazer emergir a realidade que muitos vêm suspeitando: as medidas de austeridade não vão dar o resultado que se pretende fazer crer. Mas, o melhor, é lermos o texto:
“Está em curso o processo de subdesenvolvimento do país. As medidas que o anunciam, longe de serem transitórias, são estruturantes e os seus efeitos vão sentir-se por décadas. As crises criam oportunidades para redistribuir riqueza. Consoante as forças políticas que as controlam, a redistribuição irá num sentido ou noutro. Imaginemos que a redução de 15% do rendimento aplicada aos funcionários públicos, por via do corte dos subsídios de Natal e de férias, era aplicada às grandes fortunas, a Américo Amorim, Alexandre Soares dos Santos, Belmiro de Azevedo, Famílias Mello, etc. Recolher-se-ia muito mais dinheiro e afectar-se-ia imensamente menos o bem-estar dos portugueses. À partida, a invocação de uma emergência nacional aponta para sacrifícios extraordinários que devem ser impostos aos que estão em melhores condições de os suportar. Por isso se convocam os jovens para a guerra, e não os velhos. Não estariam os super-ricos em melhores condições de responder à emergência nacional?”
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Luís Moleiro
“Está em curso o processo de subdesenvolvimento do país. As medidas que o anunciam, longe de serem transitórias, são estruturantes e os seus efeitos vão sentir-se por décadas. As crises criam oportunidades para redistribuir riqueza. Consoante as forças políticas que as controlam, a redistribuição irá num sentido ou noutro. Imaginemos que a redução de 15% do rendimento aplicada aos funcionários públicos, por via do corte dos subsídios de Natal e de férias, era aplicada às grandes fortunas, a Américo Amorim, Alexandre Soares dos Santos, Belmiro de Azevedo, Famílias Mello, etc. Recolher-se-ia muito mais dinheiro e afectar-se-ia imensamente menos o bem-estar dos portugueses. À partida, a invocação de uma emergência nacional aponta para sacrifícios extraordinários que devem ser impostos aos que estão em melhores condições de os suportar. Por isso se convocam os jovens para a guerra, e não os velhos. Não estariam os super-ricos em melhores condições de responder à emergência nacional?”
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Luís Moleiro
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