sábado, 8 de outubro de 2011

DESEMPREGO E PRECARIEDADE NA JUVENTUDE

O Reino Unido é um dos países da Europa com mais desigualdades na distribuição de rendimentos. Diga-se o que se disser, os recentes motins de Londres são sinais evidentes de uma crise social e os jovens são as principais vítimas da crise económica.
O que sucedeu na capital britânica pode constituir o primeiro dos barris de pólvora social que, em muitos países da Europa, apenas aguardam uma faísca para explodirem.
As manifestações da juventude que se preparam à escala mundial não têm lugar pela simples irreverência característica da idade, mas pelo mal-estar que se vive nessa camada da população que pouca esperança deposita no futuro e nas lideranças políticas. O elo que une toda esta gente é o desemprego e a precariedade. De uma forma muito resumida aqui ficam algumas referências à situação que se vive nesta área, por essa Europa fora:
- 20,4% dos europeus entre os 15 e os 24 anos continua sem emprego. É mais um terço do que em 2008.
- Esta taxa é a média europeia mas esconde números muito preocupantes tais como: 42% dos jovens desempregados em Espanha, 30% nos Países Bálticos, Grécia e Eslováquia; 20% na Polónia, Hungria, Itália e Suécia.
- A Polónia e a Eslovénia são as campeãs do trabalho temporário. Quase 60% dos assalariados com menos de 25 anos trabalham com contratos a prazo. Situação parecida é a que se vive em França, Alemanha, Suécia, Espanha ou Portugal onde essa percentagem ultrapassa 50%.
- A sub-remuneração dos jovens é outro fenómeno muito frequente. Os espanhóis entre os 16 e os 19 anos recebem apenas 45,5% do salário de um adulto e os que têm entre 20 e 24, 60,7%.
- A crise financeira e a recessão aumentaram os números do desemprego e levaram a uma enorme onda de precarização. Em 2010 97% dos empregos criados no Reino Unido foram contratos de trabalho temporário. Na Alemanha estão nesta situação cerca de metade dos novos empregos. Sete milhões de pessoas que têm minijobs ganham menos de 400 euros por mês. Em Portugal trabalham a tempo parcial 300 mil pessoas.
- Em França, 20% dos estudantes vivem abaixo do limiar da pobreza.
Resumidamente, um quinto dos jovens europeus não têm emprego. Quando o têm é precário. Há até quem já fale do nascimento de uma nova classe social, os precários.

Luís Moleiro

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