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Mesmo assim, José Silva Lopes (JSL), antigo ministro das Finanças, lá vai dizendo, quase de forma envergonhada, que “tem discordâncias abundantes e, por vezes, muito vincadas, em relação a várias das medidas concretas apontadas na proposta do Orçamento para 2012”. Logo a seguir acaba por referir as discordâncias que não são poucas nem destituída de significado: “em primeiro lugar, a insuficiência dos esforços para distribuir com mas equidade os custos do ajustamento. A este respeito são, por exemplo, de mencionar: a ligeireza dos agravamentos da tributação dos rendimentos de capital; a falta de cortes mais fundos nas pensões mais elevadas; a inaceitável redução do período máximo de pagamento dos subsídios de desemprego, numa altura em que o desemprego de longa duração está a subir velozmente; a indecorosa redução em larga escala dos gastos com o rendimento Social de Inserção num contexto em que o mundo dos muito pobres tem vindo a disparar”. JSL conclui, com ténues “reparos” ao agravamento do IVA na restauração e ao aumento do número de horas de trabalho semanal no sector privado.
A ideia que fica é que, de forma directa ou indirecta, parece existir uma indisfarçável tendência no sentido de levar os portugueses a aceitarem de forma passiva todas as malfeitorias e injustiças a que irão ser sujeitos.
Luís Moleiro
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