quinta-feira, 24 de novembro de 2011

APOIO INVOLUNTÁRIO

Em dia de Greve Geral, duas agências de notação, uma delas, chinesa, baixaram ainda mais o rating de Portugal. A Fitch alega que tomou em conta "o grande desequilíbrio orçamental, o elevado endividamento em todos os sectores e o cenário macroeconómico negativo", enquanto a chinesa Dagong, que atirou a classificação da nossa dívida soberana para “lixo”, justifica-se com a “deterioração da situação económica e fiscal do país”.
Ainda que de forma involuntária, estes braços armados do capital financeiro vieram dar mais uma razão para a Greve Geral de hoje pois entendem que os sacrifícios exigidos aos portugueses ainda não chegam. Enquanto a Fitch crê que "existe uma probabilidade significativa de que novas medidas de consolidação sejam necessárias durante o ano de 2012", a Dagong entende que “a economia portuguesa não pode voltar a um crescimento positivo a médio prazo, a menos que se assumam reformas fundamentais no sistema económico do país e nas suas estruturas”. Será que a agência chinesa estará a sugerir que os nossos salários passem para o nível dos do seu país?
Toda esta linguagem aponta para medidas ainda mais recessivas, mais desemprego, mais deterioração em sectores especialmente sensíveis como a educação, a saúde e a segurança social, para falarmos apenas nos de maior significado. É, portanto, previsível que, num curto prazo, as condições de vida dos portugueses se encontrem ainda mais degradadas e os protestos venham a aumentar de tom, proporcionalmente ao aviltamento a que as nossas vidas irão estar sujeitas.

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