Num debate promovido pelo BE, há cerca de dois meses, em Coimbra, um jovem exprimiu a ideia de que hoje, defender a democracia é ser radical. Em poucas palavras ele enunciou uma incontestável realidade nos dias que correm. Ao que nós chegámos!
A ideia exposta pela então líder do PSD de que a democracia deveria ser suspensa, por algum tempo, para se resolver a crise, tem todo o enquadramento no pensamento neoliberal como cada vez é mais evidente. Esta ideologia – já está sobejamente demonstrado – tem horror à expressão livre da vontade do povo tal como os principais dirigentes europeus. Os acontecimentos desta semana, se outro mérito não tiveram, serviram para colocar a nu esta triste realidade.
Num texto que hoje assina no “Expresso”, Daniel Oliveira aborda os perigos que o desprezo pela democracia acarreta:
É A DEMOCRACIA, ESTÚPIDOS!
“A austeridade que está a ser imposta a vários países não é, pela sua profundidade e violência, compatível com a democracia. O autismo da senhora Merkel, a falta de coragem dos governos para pôr o sistema financeiro em ordem e a incapacidade da União refundar as suas instituições só poderia acabar mal. Ao avançar com a ideia de referendar o quinto plano de austeridade – o que provocou uma imediata crise interna –, a Grécia mostrou que, apesar da suspensão da democracia em que vive há dois anos, ainda está viva. No meio da hecatombe, é uma nesga de esperança. Podia acontecer que a Europa acordasse.
O bullyng político a que Berlim e Paris se dedicaram e a indignação de tantos analistas e comentadores é a prova da anemia democrática que se instalou entre nós. Em tempos de perigo, as democracias europeias já tiveram de lidar com ideologias autoritárias. No pós-guerra, preveniram o seu regresso com o Plano Marshall, um enorme investimento público e a construção do Estado social. O pensamento neoliberal, não se assumindo como autoritário, é a nova ideologia antidemocrática. Dando aos mercados financeiros o poder absoluto de determinar o futuro dos povos, estigmatizando a despesa pública e destruindo todas as almofadas sociais que têm garantido a paz, consegue instalar, sem disparar um tiro ou ocupar uma capital, o terror e a miséria. Fica então o aviso: o tempo das falinhas mansas está a chegar ao fim. Se os actuais “estadistas” europeus não tiverem a coragem de resgatar a democracia outro tipo de alternativas surgirá. E temo que não seja bonito de se ver.”
A ideia exposta pela então líder do PSD de que a democracia deveria ser suspensa, por algum tempo, para se resolver a crise, tem todo o enquadramento no pensamento neoliberal como cada vez é mais evidente. Esta ideologia – já está sobejamente demonstrado – tem horror à expressão livre da vontade do povo tal como os principais dirigentes europeus. Os acontecimentos desta semana, se outro mérito não tiveram, serviram para colocar a nu esta triste realidade.
Num texto que hoje assina no “Expresso”, Daniel Oliveira aborda os perigos que o desprezo pela democracia acarreta:
É A DEMOCRACIA, ESTÚPIDOS!
“A austeridade que está a ser imposta a vários países não é, pela sua profundidade e violência, compatível com a democracia. O autismo da senhora Merkel, a falta de coragem dos governos para pôr o sistema financeiro em ordem e a incapacidade da União refundar as suas instituições só poderia acabar mal. Ao avançar com a ideia de referendar o quinto plano de austeridade – o que provocou uma imediata crise interna –, a Grécia mostrou que, apesar da suspensão da democracia em que vive há dois anos, ainda está viva. No meio da hecatombe, é uma nesga de esperança. Podia acontecer que a Europa acordasse.
O bullyng político a que Berlim e Paris se dedicaram e a indignação de tantos analistas e comentadores é a prova da anemia democrática que se instalou entre nós. Em tempos de perigo, as democracias europeias já tiveram de lidar com ideologias autoritárias. No pós-guerra, preveniram o seu regresso com o Plano Marshall, um enorme investimento público e a construção do Estado social. O pensamento neoliberal, não se assumindo como autoritário, é a nova ideologia antidemocrática. Dando aos mercados financeiros o poder absoluto de determinar o futuro dos povos, estigmatizando a despesa pública e destruindo todas as almofadas sociais que têm garantido a paz, consegue instalar, sem disparar um tiro ou ocupar uma capital, o terror e a miséria. Fica então o aviso: o tempo das falinhas mansas está a chegar ao fim. Se os actuais “estadistas” europeus não tiverem a coragem de resgatar a democracia outro tipo de alternativas surgirá. E temo que não seja bonito de se ver.”
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