sábado, 26 de novembro de 2011

SUBTIL MANIPULAÇÃO

A direita e o PS estão, certamente, a digerir muito mal os processos judiciais em que estão envolvidos nomes grados das respectivas áreas.
O caso Duarte Lima parece vir a ter dimensões colossais. Não se trata apenas do alegado envolvimento do antigo deputado do PSD no assassínio da antiga companheira de Tomé Feteira mas da existência de um autêntico polvo, do qual ele seria a cabeça e cujos tentáculos abrangeriam uma série de negócios fraudulentos. Aqui também aparece envolvido o nome de outro antigo deputado do PSD, Vítor Raposo e, ultimamente, ainda o inevitável Isaltino Morais. Aliás, ninguém percebe por que razão o presidente da câmara de Oeiras ainda não foi preso, depois de transitado em julgado o processo de fraude em que esteve envolvido. Tudo isto para referirmos apenas casos recentes…
Por outro lado o PS também tem gente sua a contas com a justiça, em processos muito complicados para ex-dirigentes de topo. Armando Vara, Penedos (pai e filho) e o próprio Sócrates são os exemplos mais recentes de uma intrincada teia.
Não sendo possível encobrir todos estes casos, seria ouro sobre azul criar uma manobra de diversão que distraísse a opinião pública. Nada como fabricar um caso que envolvesse alguma figura considerada impoluta dentro dos partidos que maior protagonismo têm revelado na denúncia e combate à corrupção. Os avençados daqueles partidos na comunicação social – que são cada vez mais – tratariam de compor a história.
Todas estas reflexões não são destituídas de fundamento e, como exemplo temos, na primeira página do “Expresso” de hoje o sugestivo título de uma “notícia” com chamada para o interior do jornal: “Deputado do BE João Semedo foi sócio do BPN numa clínica do Porto”. Sabendo-se a carga negativa que a sigla BPN acarreta, quem não lesse o desenvolvimento da notícia poderia ser levado a pensar que o irrepreensível médico do Bloco também teria o seu nome associado ao grupo de trapaceiros que passaram por aquele banco. Afinal, o que vem relatado a páginas 26 daquele semanário não corresponde ao que sugere o título da primeira página. Há, sem sombra de dúvida uma subtil manipulação de uma notícia, com objectivos que se adivinham. Aconteceu num jornal de “referência”…
Tal como se impunha, rapidamente, o Bloco de Esquerda publicou um desmentido ao título da capa do “Expresso” deste sábado, salientando que o deputado bloquista nunca foi sócio daquele banco numa clínica do Porto.

Luís Moleiro

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