É o próprio FMI, a instituição que cozinhou a mixórdia que agora nos servem, que nos vem dizer que a comida está estragada e não a devemos comer. A chamada de atenção não traz nada de novo porque, desde que a crise começou, há muita gente a dizer que uma excessiva contração orçamental num curto período de tempo só leva ao agravamento da crise. No entanto, a incompetência, a casmurrice, o fanatismo e a má-fé dos nossos principais decisores só nos vão encaminhando, cada vez mais, no sentido do abismo. Mas não sejamos completamente ingénuos porque estes sujeitos vão aproveitar ao máximo a oportunidade que a situação atual lhes proporciona para arrasarem, em definitivo, todas os direitos sociais e laborais que a imensa maioria do povo português foi conquistando desde 1974. Estamos perante uma espécie de ajuste de contas que os mais poderosos, há muito, esperavam.
Andam a mentir-nos quando dizem que as “reformas” que estão a ser levadas a cabo mais o equilíbrio financeiro nos vão conduzir ao paraíso. No suplemento Economia do Expresso deste sábado, em poucas palavras, Nicolau Santos traça o nosso destino a médio prazo. Convenhamos que não é nada risonho…
UM FILME DE TERROR ATÉ 2017
O nosso calvário económico não chegará ao fim em 2014. Contradizendo o primeiro-ministro, o FMI diz agora que Portugal vai precisar de mais dinheiro (€ 16 mil milhões) até ao final de 2014 e os investidores estrangeiros reduzirão a compra da dívida pública da República. I.e. não vamos regressar aos mercados em setembro de 2013, ficando sob tutela da troika por pelo menos mais um ano. Disseram-nos também que, a soma do reequilíbrio financeiro com as reformas nos lançariam num ciclo de crescimento. Errado. A economia portuguesa vai ter o quarto crescimento mais baixo do mundo em 2017, com uma média de 0,75% ao ano até aí. Isto significa que o desemprego estrutural, de 9,5%, não será absorvido, a que acrescerão 5 ou mais pontos de desemprego conjuntural. Ou seja, o amaríssimo remédio que estamos a tomar não dará resultados. Quem o diz é um dos subscritores da receita. Daí a pergunta: não será melhor tentar outro caminho?
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