sábado, 28 de abril de 2012

DEFENDER A FUNÇÃO PÚBLICA

A insatisfação da população com a ineficiência de alguns setores da administração pública tem sido aproveitada ao máximo pela propaganda neoliberal. Percebe-se que assim seja porque a doutrina económica atualmente dominante nutre um ódio visceral ao Estado enquanto óbice ao crescimento dos seus tentáculos. Há que demonizar tanto quanto possível os serviços públicos, destruí-los para, em seguida, os abocanhar e transformar em chorudos negócios. É fácil constatarmos a propaganda que todos os dias nos entra pela casa dentro através de muita comunicação social, toda ela nas mãos de privados. Por isso é bom que divulguemos a opinião de alguém insuspeito como forma de demonstrarmos que a destruição da função só acarretará graves prejuízos para a esmagadora maioria da população.
É a opinião de Nicolau Santos que transcrevemos do suplemento Economia do “Expresso” de hoje.

DESTRUIR A FUNÇÃO PÚBLICA
Haverá alguém hoje em dia que diga orgulhosamente que é funcionário público? Seguramente que não. O discurso político tem vindo a demonizar a administração pública e responsabilizá-la subliminarmente por todos os nossos males. Ou porque o seu peso é exagerado, ou porque os serviços que presta não correspondem aos encargos para os contribuintes, ou porque a produtividade é baixa, ou porque se ganha mais que no setor privado, etc., etc. Ora é bom que se diga que uma administração pública forte e prestigiada é essencial em países com uma regular instabilidade governativa. E o bom funcionamento das instituições públicas é condição para o sucesso económico dos países, como lembra o Nobel da Economia Douglass North. Cortar os subsídios de Natal e de férias por período indeterminado, propor rescisões, reduzir direitos e regalias na Função Pública pode trazer impactos orçamentais positivos – mas enfraquece dramaticamente o Estado na sua capacidade de corrigir desigualdades e manter a coesão social. Depois não se queixem.

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