A Comissão Diocesana Justiça e Paz não é, com bem sabemos, uma associação de radicais e, está, portanto, fora da possibilidade de acusação de esquerdismo. É bom que se faça esta ressalva porque o texto seguinte é da autoria de um dos seus membros que se indigna perante a ação da banca, implacável com as pequenas e médias empresas em termos do cumprimento de prazos muito apertados para amortização de empréstimos, para além de lhes cobrarem juros altíssimos quando recebem do BCE muito dinheiro à taxa de juro de 1% e com prazos de amortização prolongados. Como se percebe, as restrições aos ganhos não são para todos porque, embora sendo todos iguais há alguns mais iguais que outros…
Contradições
É com enorme grau de preocupação, que tenho vindo a acompanhar a política que vem sendo seguida pela Banca pública e privada portuguesa, em relação às pequenas e médias empresas.
De facto, são vários os casos que vão chegando ao meu conhecimento, dando conta que os Bancos estão a notificar os empresários, informando-os de que os empréstimos já concedidos e plenamente utilizados pelas suas empresas, através de contas caucionadas, serão total ou parcialmente convertidos em empréstimos de médio e longo prazo, com taxas de juro que chegam a ultrapassar os 100% de acréscimo, em relação às que vinham sendo aplicadas até esse momento.
Volto, mais uma vez a sublinhar, que este procedimento está a ocorrer em relação a empréstimos que tinham sido concedidos e não a novos empréstimos.
É do domínio público que o Banco Central Europeu tem vindo a emprestar aos bancos europeus, incluindo os portugueses, quantias muito grandes de dinheiro, com prazos de amortização que podem chegar aos três anos e sujeitos à taxa de juro de apenas 1% ao ano.
Como se compreende, então, que estes mesmos bancos, quando, depois, emprestam esse dinheiro às empresas, lhes cobrem juros e comissões que, no seu conjunto, chegam a aproximar-se ou até a superar os 10% ao ano?
São também do domínio público as enormes dificuldades com que hoje se defronta a maioria das pequenas e médias empresas. A maioria delas está de facto confrontada com quebras relevantes no volume de vendas e a ser pressionadas para proceder a reduções relevantes das respetivas margens de comercialização.
Como se isto não bastasse para sufocar o funcionamento operacional destas empresas, acresce agora a pressão exercida pelos bancos, para que estas procedam à amortização mais acelerada dos empréstimos anteriormente contraídos, ao mesmo tempo que lhes impõem pesadas e insustentáveis taxas de juro.
É, de facto, insustentável este tipo de procedimento por parte dos bancos nestes processos ditos negociais, nalguns dos quais tenho participado e em que o poder negocial das empresas é praticamente nulo.
Se, no imediato, não ocorrer uma intervenção clara e determinada das autoridades reguladoras e do próprio Governo, no sentido de travar este comportamento dos bancos, não tenho dúvidas de que iremos assistir, a curto prazo, ao aumento das falências e ao agravamento do desemprego.
Já diz o ditado que quem tudo quer tudo perde e neste processo, que considero irracional, serão muitas as empresas que não vão ter quaisquer condições para cumprir as prestações que estão a ser obrigadas a pagar. (Abel Pinto, Diário de Coimbra)
Contradições
É com enorme grau de preocupação, que tenho vindo a acompanhar a política que vem sendo seguida pela Banca pública e privada portuguesa, em relação às pequenas e médias empresas.
De facto, são vários os casos que vão chegando ao meu conhecimento, dando conta que os Bancos estão a notificar os empresários, informando-os de que os empréstimos já concedidos e plenamente utilizados pelas suas empresas, através de contas caucionadas, serão total ou parcialmente convertidos em empréstimos de médio e longo prazo, com taxas de juro que chegam a ultrapassar os 100% de acréscimo, em relação às que vinham sendo aplicadas até esse momento.
Volto, mais uma vez a sublinhar, que este procedimento está a ocorrer em relação a empréstimos que tinham sido concedidos e não a novos empréstimos.
É do domínio público que o Banco Central Europeu tem vindo a emprestar aos bancos europeus, incluindo os portugueses, quantias muito grandes de dinheiro, com prazos de amortização que podem chegar aos três anos e sujeitos à taxa de juro de apenas 1% ao ano.
Como se compreende, então, que estes mesmos bancos, quando, depois, emprestam esse dinheiro às empresas, lhes cobrem juros e comissões que, no seu conjunto, chegam a aproximar-se ou até a superar os 10% ao ano?
São também do domínio público as enormes dificuldades com que hoje se defronta a maioria das pequenas e médias empresas. A maioria delas está de facto confrontada com quebras relevantes no volume de vendas e a ser pressionadas para proceder a reduções relevantes das respetivas margens de comercialização.
Como se isto não bastasse para sufocar o funcionamento operacional destas empresas, acresce agora a pressão exercida pelos bancos, para que estas procedam à amortização mais acelerada dos empréstimos anteriormente contraídos, ao mesmo tempo que lhes impõem pesadas e insustentáveis taxas de juro.
É, de facto, insustentável este tipo de procedimento por parte dos bancos nestes processos ditos negociais, nalguns dos quais tenho participado e em que o poder negocial das empresas é praticamente nulo.
Se, no imediato, não ocorrer uma intervenção clara e determinada das autoridades reguladoras e do próprio Governo, no sentido de travar este comportamento dos bancos, não tenho dúvidas de que iremos assistir, a curto prazo, ao aumento das falências e ao agravamento do desemprego.
Já diz o ditado que quem tudo quer tudo perde e neste processo, que considero irracional, serão muitas as empresas que não vão ter quaisquer condições para cumprir as prestações que estão a ser obrigadas a pagar. (Abel Pinto, Diário de Coimbra)
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