Uma das distorções das nossas
representações sobre o que nos rodeia assenta na invisibilidade de grande parte
do trabalho humano.
(…)
Ao longo dos anos, sem greves, alguém
falou da centralidade deste trabalho e das condições penosas em que é feito?
(…)
O objetivo de uma greve é (…) mostrar
que, se os trabalhadores pararem, o mundo pára.
(…)
Também é óbvio que se a definição de
serviços mínimos é de tal modo maximalista que torna potencialmente nulos os
efeitos de uma greve, isso é uma forma objetiva de esvaziar esse direito.
(…)
[O Governo] fez muito mal em abusar
dessa prorrogativa para fixar verdadeiros “serviços máximos” em áreas que não
são, objetivamente, “necessidades sociais impreteríveis”, que é o termo da lei.
(…)
Há linhas que não devem e não podem ser
transpostas. E o Governo quis transpô-las.
No ISEG
calcula-se o valor real de um salário mínimo em Portugal em pelo menos 1000
euros.
(…)
O que se
verificou nestes serviços mínimos [da greve dos camionistas] já tinha tido
lugar na greve dos enfermeiros – durante a greve havia mais enfermeiros a
trabalhar do que em dias regulares.
(…)
O mais crítico
deste conflito [com os motoristas de produtos perigosos] é que o direito à
greve foi totalmente posto em causa com serviços máximos e militarização dos
protestos sociais.
(…)
O Estado
considera tabu nacionalizar a Galp, mas normal contribuir para este caos
empresarial flexibilizando a lei laboral.
(…)
Em vez de um
Estado social universal (para todos) baseado em impostos progressivos, temos um
Estado assistencial focalizado (para trabalhadores pobres) sustentado por
impostos regressivos.
(…)
Os motoristas
estão a defender a democracia porque estão a defender o emprego com direitos.
Raquel
Varela, “Público” (sem
link)
[Os motoristas de matérias
perigosas queixam-se de que] há os salários baixos, complementados com
pagamentos extra que não entram nas contribuições para a segurança social e,
portanto, diminuem os direitos destes trabalhadores em caso de reforma ou
doença.
(…)
No país que temos, é fácil
acreditar que os motoristas têm uma boa parte da razão.
(…)
Portugal é um país de
salários baixos. Segundo os dados do Eurostat, cerca de 11% das pessoas com
mais de 18 anos que trabalham são pobres, o que coloca Portugal acima da média
europeia.
(…)
Portugal, com a sua
combinação de baixos rendimentos com desigualdade elevada, aparece ao lado da
Coreia do Sul e dos países de Leste, longe dos países mais bem classificados,
como a Bélgica, a Dinamarca e a Noruega.
Susana
Peralta, “Público” (sem
link)
Os últimos séculos têm
sido marcados por um aumento exponencial da exploração de recursos minerais, a
nível mundial, relativamente a todos os períodos históricos precedentes.
(…)
Não foram as explorações
mineiras do século passado que trouxeram o desenvolvimento, a educação e a
literacia
(…)
Agora prometem-nos que
tudo vai mudar, porque sob os augúrios desta nova sociedade tecnológica surgiu
um novo ouro e, desta vez, branco: o lítio.
Todos estes danos terão de
ser pagos pelas populações, e estas não contam na tabela das compensações e nem
nos planos de viabilidade económica de um pedido de exploração.
Maria
do Carmo R. Mendes, “Público” (sem
link)
No caso destes motoristas
[de produtos perigosos], estão em causa condições de trabalho duras e o seu
principal líder assume uma vida de capa de revista de famosos e alega ter uma
atividade como advogado de renome internacional.
(…)
Uma sociedade comandada
por valores em que o futuro não conta vive do imediatismo. Uma greve por tempo
indeterminado ou é um êxito imediato ou um desastre.
Domingos
Lopes, “Público” (sem
link)
O desafio de adaptação às
alterações climáticas irá mudar completamente a forma de vida nos domínios de
utilização de energia, mobilidade, habitação, trabalho, agricultura e até mesmo
a alimentação.
(…)
Basta tomar consciência do
estado dos oceanos e dos plásticos que os invadem para que se perceba que algo tem necessariamente
que mudar.
(…)
o planeta não precisa de
ser salvo, a espécie humana é que precisa.
Carlos
Páscoa, “Público” (sem
link)
Não haveria notícia que o
Governo mais gostasse de receber do que a manutenção da greve dos motoristas de
transportes de matérias perigosas até o mais perto possível das eleições de
Outubro.
(…)
António Costa conseguiu,
habilmente, impedir que os motoristas possam pôr um fim à greve, saindo dela de
cara lavada.
(…)
Que alguém proteja [os
motoristas] de quem fala por eles.
Sem comentários:
Enviar um comentário