domingo, 18 de agosto de 2019

MAIS CITAÇÕES (43)


Encarar a segurança como uma resposta de fim de linha, mais do que como um fundamento da organização social, faz facilmente dela um instrumento do estado de exceção.
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Muitos dos que argumentaram com a defesa da segurança das pessoas para criticar a greve dos camionistas, facilmente aceitaram limitações inaceitáveis ao direito à greve.
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[Um Governo que] mostra toda a compreensão com jornadas de trabalho absolutamente excessivas dos trabalhadores que decidiram parar e fórmulas remuneratórias que ludibriam a lei e fogem ao fisco e à segurança social é um governo que falha no que diz estar a acautelar: a defesa das pessoas.

Ficou comprovado que são injustas as condições de remuneração e de trabalho que foram impostas [aos motoristas de matérias perigosas], bem como à generalidade dos trabalhadores do setor, ao longo de muitos anos.
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[O Governo] assumiu excesso de sintonia com a ANTRAM, por vezes dureza gratuita com os trabalhadores em luta e recorreu aos serviços mínimos e à requisição civil com excessos.
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Aproveite-se a campanha eleitoral, que até agora é muito pobre, para travar manobrismos perigosos e a gula do Partido Socialista, para forçar o investimento em setores como o ferroviário, para assegurar progresso.

A combinação entre o capitalismo global, o neoliberalismo e a digitalização parece desenhar diante de nós um sistema social cada vez mais mercadorizado, mas onde a autonomia dos indivíduos se vê cada vez mais confinada.
Elísio Estanque, “Público” (sem link)

A estratégia [do Governo em torno da greve dos motoristas] era simples: conseguir evitar que a greve fosse evitada; assustar o país.
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A consequência mais duradoura e importante deste conflito (…) é a banalização de um precedente grave contra o direito à greve.
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Há aqui uma violente marca histórica, vinda de um partido que reclamava a tradição democrática.
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Para criar este precedente e ganhar a autoridade pública de que o Governo se quer revestir, era preciso que a greve não fosse evitada e que as partes se acirrassem.
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Quem trabalha no privado sabe bem como funciona este truque do salério de referência ser insignificante e ficar na mão dos subsídios vários.
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Os motoristas entraram logo a perder na disputa da opinião pública.
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Houve mesmo três ministros, um em cada telejornal, não fosse alguém não perceber.
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O Governo quis comprometer o Presidente da República e, por isso, requisitou logo a tropa. Sempre dá boas imagens de televisão.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

A desproporcionalidade desta greve, não retirando justiça às suas reivindicações, deu espaço ao Governo para impor serviços mínimos pesadíssimos e uma requisição civil (…) previamente decidida como primeiro recurso e aplicada ao fim de 19 horas de greve.
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O sindicalismo quando fica na mão de irresponsáveis, enfraquece-se.
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O problema não é o comportamento do Governo, é sentir-se tão confortável nesse papel. E, como ficou óbvio para todos, desejá-lo.
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[Toda a esquerda, já deveria ter iniciado] uma mudança radical no sindicalismo, para o renovar, fortalecer e proteger de oportunistas.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

O conflito laboral dos motoristas de matérias perigosas era uma bagatela que em três meses de preparação poderia ter sido negociada ao ponto de evitar a greve.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

Esta greve [dos motoristas] é justa porque o lucro que as petrolíferas têm justificam os aumentos pedidos.
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Um estado autoritário é uma porta aberta ao populismo de extrema-direita.
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As greves afetam naturalmente a população, mas a população, é muito mais afetada pelos baixos salários.
Raquel Varela, “Expresso” (sem link)

Como foi possível que durante 20 anos o patronato não tenha aumentado estes trabalhadores [motoristas] ?
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É claro que as empresas transportadoras têm notórias culpas no cartório.
Nicolau Santos, “Expresso” (sem link)

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