Faz muito tempo que os mais reputados cientistas
da área do clima vêm chamando a atenção, de um modo cada vez mais vigoroso, sobre
o que se pode esperar para a sobrevivência da espécie humana se não forem
tomadas medidas urgentes que ponham cobro às alterações galopantes que se vêm
verificando no que diz respeito à questão climática.
Torna-se muito importante divulgar as
posições daqueles que se pronunciam com conhecimento de causa das catástrofes
que se avizinham, relacionadas com as mudanças climáticas de que já pouco
duvidam, para além de um reduzido número de donos deste mundo que, por via de
uma ignorância extrema mas, mais ainda, de uma ganância sem limites, querem
convencer-nos de que não se está a passar nada de especial quando se vê o mundo
desabar à nossa volta, em termos climáticos.
Devemos ter bem presente que a opinião
pública e as manifestações de rua podem ter um papel decisivo no recuo de
interesses que levarão o mundo à sua autoaniquilação. Todos, não somos demais
para colocar um travão nas medidas criminosas que beneficiam uns poucos à custa
do extermínio da vida no nosso planeta.
O texto que apresentamos a seguir constitui
um artigo de opinião do historiador de Arquitetura António Sérgio Rosa de
Carvalho que transcrevemos do “Público” de hoje e, cuja leitura recomendamos.
Isto afirmou o príncipe Carlos, para
muitos um desconhecido no seu tenaz e coerente percurso, desde a adolescência,
de defensor do ambiente, durante o seu discurso oficial de liderança, perante
os ministros dos negócios estrangeiros dos países da Comonwealth.
Durante a recente visita oficial de Trump ao Reino Unido, estava
programada uma visita a Clarence House, residência do Príncipe e de Camilla,
Duquesa de Cornwall. Esta visita deveria durar 15 minutos, mas prolongou-se por
75 minutos, pois o príncipe aproveitou a oportunidade para tentar sensibilizar
e convencer Trump,
esse negacionista militante, da gravidade e urgência daquilo que constitui o
maior desafio que a Humanidade e a Civilização, enfrentou até agora. As
alterações climáticas.
O famoso relatório do IPCC, sr15, do ano
passado afirma categoricamente que para manter o aumento da temperatura no
limite do 1,5 graus, é imperativo reduzir as emissões de dióxido de carbono em
45% até 2030 e que a total neutralidade carbónica, com zero emissões seja
atingida em 2050. Trump e a Arábia Saudita, juntamente com o Kuwait e a Rússia,
têm boicotado abertamente as conclusões do Acordo de Paris.
Os Governos nada têm feito no seguimento
de Paris (2015) e como as coisas estão agora vamos em direcção a um aumento de
3 graus o que corresponde a um cataclismo futuro de proporções bíblicas.
Tendo em conta o tempo de planeamento das nações entre períodos de 5 ou 10 anos
o limite extremo para verdadeiras decisões é realmente 2020.duzir
A próxima data fundamental é a de 23 de
Setembro. Nesta data António Guterres espera os representantes das nações do
mundo para uma Cimeira decisiva sobre os desafios do Clima. Seguem-se as
cimeiras COP25 no Chile e a COP26 no Reino Unido nos finais de 2020.
Mas este momento decisivo nos finais de
2020, apesar da intenção anunciada oficialmente pelo Reino Unido de zero
emissões a 2050, vai ser profundamente complicado pelo tumulto caótico do
“Brexit” que ameaça desintegrar o próprio Reino Unido, através de uma
independência da Escócia, do País de Gales e da transformação da Irlanda num
país único, pela união das duas Irlandas.
Apenas um outro exemplo, ilustrativo da
frustração que o príncipe Carlos sentirá, tal como todos nós, perante a actual
destruição da Amazónia por Bolsonaro. Em 2007, Carlos lança o The Prince's Rainforests Project dirigido
à protecção total da Amazónia, da sua biodiversidade e das suas populações
índias. Este último santuário natural e ecológico, agora mais do que nunca,
pertence ao mundo.
Na Amazónia, após uma redução de 80% na
taxa de desflorestação entre 2006 e 2012, neste momento, sobre Bolsonaro, o
desmatamento está a tomar lugar a um ritmo de três campos de futebol por
minuto. Ou seja um aumento de 62% em comparação com o mesmo período no ano
passado. Bolsonaro acaba de despedir o
director do Instituto responsável pelos relatórios por satélite, que
confirmaram o ritmo de desflorestação. A Amazónia está
a atingir o ponto limite de destruição e de não retorno.
A União Europeia tem a intenção de
assinar um Acordo Comercial com a Mercosul, isto, enquanto as populações
indígenas são mortas por garimpeiros e o mundo agrário Brasileiro tem a
intenção de transformar a Amazónia numa imensa área de produção de carne, de
soja e óleo de palma, com as conhecidas e inaceitáveis consequências
ambientais.
Estamos portanto no momento decisivo
para a civilização e a humanidade nunca enfrentou tamanho desafio tal como
príncipe Carlos afirmou no seu discurso de abertura do Acordo de Paris.
Este Verão a Europa de Norte sentiu directamente e de forma extrema os
efeitos indiscutíveis do aquecimento global, e no entanto, ao contrário de um
momento de consciencialização e de gravitas, a festa hedonista dos eventos
permanentes nas cidades, das viagens low cost e das viagens do
turismo de massas não abrandou, numa última dança sobre o vulcão, ao som da
orquestra do Titanic.
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