Embora não haja um consenso sobre os
acontecimentos que levaram à escolha de 8 de Março para Dia Internacional da
Mulher, esta data é geralmente associada a uma homenagem prestada às operárias
de uma fábrica têxtil de Nova Iorque que, no dia 8 de Março de 1857 terão
reivindicado uma redução da jornada de trabalho, igualdade salarial e licença
de maternidade. Tal como noutras ocasiões seguiu-se uma violenta repressão
policial que terá levado à morte uma centena de manifestantes.
Desde logo se pode questionar por que
razão a ONU sentiu a necessidade de instituir em 1975 o Dia Internacional da
Mulher. Este dia tem como objectivo principal chamar a atenção para a
persistência de descriminações de vária ordem assim como a sistemática violação
dos direitos humanos a que as mulheres continuam a ser sujeitas por todo o
mundo, incluindo, nos países mais desenvolvidos.
A propósito desta data achámos útil
deixar aqui um interessante texto (*) que transcrevemos do Diário de Coimbra de
6/03/2014.
Todos abemos que, quando as
pessoas se mobilizam, fazem-no por alguma razão e pretendem alcançar algum fim.
A igualdade entre homens e
mulheres constitui um direito fundamental consagrado na Carta dos Direitos
Fundamentais d União Europeia.
Mas, as razoes para lutar
pela paridade do género não se resumem a questões de justiça social. A paridade
do género contribui para melhorar o desempenho e a competitividade das empresas
e instituições.
Existe uma correlação positiva
entre a presença das mulheres nos órgãos decisórios e os bons resultados. Num relatório
de McKinsey, constata-se que as empresas que adotaram a paridade entre homens e
mulheres realizaram lucros de exploração em 56% superiores aos das empresas que
só empregam homens. Um resultado notável!
A Comissão Europeia desafiou
as empresas da União Europeia, cotadas em bolsa, a aumentarem o número de
mulheres nos seus conselhos de administração, mediante a assinatura do “Compromisso
europeu pelas mulheres na administração das empresas”.
Ao assinarem o compromisso,
as empresas comprometiam-se a aumentar a representação feminina nos seus
conselhos de administração para 30% em 2015 e 40% em 2020. No entanto, durante
os últimos 12 meses, apenas 24 empresas em toda a Europa, assinaram o
compromisso. Entre elas uma única empresa portuguesa, o BCP. É um resultado
deveras dececionante!
Dado que muitas empresas não
tem agido com suficiente rapidez para corrigir os desequilíbrios entre os
géneros, alguns governos na Europa adotaram legislação para forçar a mudança,
como foi ocaso de Portugal.
Mas a via legislativa, põe si
só, não resolve o problema, é necessário explicar às pessoas o que se pretende,
envolvê-las no processo. Então por que é que a realidade continua quase estável
e as diferenças de oportunidades continuam a existir? É culpa dos homens ou das
mulheres?
As mulheres são alvo de
comportamentos discriminatórios, ou as suas preferências explicam o seu
estatuto no mercado de trabalho, na intervenção social?
Pelo facto de para as
mulheres a família se sobrepor na razão proporcionalmente inversa à desmesurada
ambição profissional masculina, não se lhes pode deixar de atribuir uma forte consciência
das suas convicções, competência, consensualidade, honestidade, sensibilidade e
capacidade de decisão.
É preciso elucidar a
sociedade!
Há que dinamizar as mulheres,
consciencializá-las, incentivá-las e encorajá-las a participar de forma mais
ampla e vigorosa na vida social, económica e política.
A questão não está em
explicar aos homens o objetivo que se pretende alcançar, pois, os próprios, apesar
de imbuídos pelo espírito de liderança reconhecem e “invejam” nas mulheres a intuição,
a resistência à frustração, o pragmatismo, a exigência, o perfecionismo, a lucidez,
a sensibilidade, a autenticidade e a capacidade de concretização de
multitarefas. O fim é compreender as vantagens que o processo traz à sociedade
no seu conjunto.
(*) Teresa Machado, professora
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