Com o aproximar das eleições europeias
intensifica-se a propaganda governamental no sentido de convencer os
portugueses de que o caminho que estamos a trilhar, em passo de corrida, rumo à
pobreza generalizada, é o melhor para nós, encontrando-se já a economia numa
fase de recuperação. O ministro Pires de Lima classificou mesmo a situação
actual de “milagre económico”, como todos bem recordamos. Estes dislate são
acompanhados por muitos comentadores da área do Governo, em muito maior número
na comunicação social do que os da oposição.
Curiosamente, depois do manifesto dos 74,
abrangendo todos os quadrantes ideológicos em Portugal afirmar, preto no
branco, que é necessária uma reestruturação da dívida pública nacional, chega
agora a notícia de que outros tantos economistas estrangeiros, alguns dos quais
em cargos de relevo em instituições internacionais, assinam um documento em que
manifestam total acordo com as personalidades portuguesas subscritoras daquele
manifesto.
Estamos, pois, perante mais uma colossal
derrota do Governo que se encontra cada vez mais isolado e com uma dificuldade
imensa para responder às críticas certeiras que lhe são feitas. Na sequência do
manifesto dos 74, as respostas ficaram-se, na maioria das vezes, pelo simples
insulto pessoal. Só que, agora, há personalidades de relevo mundial a
subscreverem aquelas críticas…
Um texto do economista Eugénio Rosa, que
podemos encontrar no Diário As Beiras de hoje, chama a atenção para “a gigantesca
operação de propaganda do Governo” que está em curso, onde vale tudo, desde manipulação
de previsões, empolamento de dados e ocultação dos que não interessam, “procurando
reconstruir assim realidade”.
Uma
das “teclas” mais repetidas
no congresso do PSD,
particularmente por Passos
Coelho, e depois
pelos media,
foi precisamente a de que “o país está melhor”. Paulo Portas, na conferência de
imprensa sobre a 11ª avaliação da troika, também procurou “vender” a mesma
mensagem. É evidente que está em curso uma gigantesca operação de propaganda do
governo, com o apoio dos grandes media, e com a participação de muitos
comentadores com acesso fácil ou instalados nos media, visando convencer a
opinião pública, de que “o pior já passou”, e que a economia portuguesa já está
numa fase de recuperação e crescimento (o ministro da Economia, Pires de Lima,
fala mesmo do “milagre económico”).
Para
conseguir isso, manipulam-se previsões, empolam-se dados, e escondem os que não
interessam, repetindo até à exaustão apenas o que interessa à propaganda
oficial procurando assim reconstruir a realidade, e dando dela uma perceção que
não tem nada a ver com a situação atual do país. São formas clássicas de engano
e manipulação da opinião pública. É previsível que tal esforço de manipulação
se acentue com o aproximar das eleições europeias.
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