A
reestruturação da dívida pública portuguesa está a fazer o seu caminho pelo
que, tarde ou cedo vai ter lugar ainda que com outra designação qualquer para
que a maioria de direita não perca a face. A coligação PSD/CDS tenta, a todo o
custo, desvalorizar o impacto do Manifesto dos 70, tanto o que é constituído
por personalidades portuguesas como o seu congénere internacional.
Sexta-feira
à noite (28/3/2014) surgiu uma petição, promovida pelos autores do manifesto, que, em menos de 48 horas já recolheu mais de 10 mil assinaturas, o que
significa estarem reunidas as condições para ser discutida em plenário da
Assembleia da República.
“Preparar
a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”, a proposta do
Manifesto dos 70 está, assim, a ter uma repercussão na sociedade portuguesa, muito
maior que o Governo jamais imaginou e que os seus propagandistas não são capazes
de contrariar, tão óbvios são os factos. Por assim dizer, todos os dias a ideia
da necessidade imperiosa de reestruturar a dívida pública portuguesa ganha
novos adeptos, como refere Nicolau Santos no seguinte texto que transcrevemos
do Expresso Economia.
Portugal vai ter de
reestruturar a dívida. Terá de pedir desculpa aos credores e dizer que não
consegue pagar nos prazos combinados. E pedir um prazo mais longo e uma taxa de
juro mais baixa. Esse dia chegará”. A frase é de Daniel Bessa, ex-ministro da
Economia. Na mesma edição da revista “Visão”, Miguel Cadilhe, ex-ministro das
Finanças, insiste no tema: “A nossa dívida pública deve ser cumprida. Costumo
usar a expressão ‘honrar a dívida pública’, mas também digo que é preciso fazer
a renegociação honrada da dívida pública. Dizemos que pagamos o capital, mas os
juros têm de ser mais baixos e o tempo tem de ser mais longo. A renegociação
honrada é uma proposta que já faço há uns tempos”. Bessa e Cadilhe não
assinaram o Manifesto dos 70, que pedia a reestruturação da dívida pública
portuguesa. São duas vozes independentes e não conotadas com a oposição a este
Governo. Eles, como os 70 economistas estrangeiros que também subscreveram o
documento, sabem que é só uma questão de tempo.
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