É
muito importante que cada vez mais portugueses reflictam sobre a
impossibilidade de Portugal pagar a dívida e a necessidade de se proceder a uma
reestruturação da mesma, independentemente da designação que essa acção tiver.
Acontece
muitas vezes as forças progressistas terem razão antes do tempo e verem as suas
propostas apelidadas de irrealistas e utópicas. Na situação em apreço, há anos
que o Bloco de Esquerda vem apelando a uma reestruturação da dívida portuguesa,
pela simples razão de ela ser impagável. O crescimento da economia tinha de ser
da ordem dos 4% ou 5%, vários anos seguidos, uma completa impossibilidade entre
nós. É, pois, determinante que a pressão da opinião pública se faça sentir nas
cabeças duras dos nossos governantes para que se quebre o fanatismo ideológico
que os domina.
O
texto (*) que apresentamos a seguir, é mais uma contribuição nesse sentido, e foi
transcrito do “Diário as beiras” de ontem.
Recentemente
surgiram dois manifestos, um nacional e outro internacional, a favor da reestruturação
da dívida. É verdade que há cerca de dois anos a prática governativa e os
discursos de alguns dos subscritores nacionais eram contrários à reestruturação,
numa altura apenas defendida pelo Bloco de Esquerda. Mas os motivos pelos quais
é fundamental reestruturar a dívida são muito objetivos.
Portugal
paga juros elevadíssimos, da ordem dos cinco por cento ou mais, mas nenhum
serviço que nos é prestado pelos mercados financeiros justifica juros desta
ordem. Basta o leitor pensar quantos são os negócios que dão lucros de cinco
por cento ao ano.
Ademais,
sabemos que os maiores crimes cometidos nos últimos anos ao nível mundial e
nacional foram cometidos pelas próprias instituições financeiras, provocando
desemprego em massa, pobreza e tragédias humanas que terminaram em mortes. Logo,
parte dessa dívida é ilegítima, correspondendo em grande medida a lucros
virtuais e especultivos e moralmente não deveria ser paga.
Só
para pagar os juros, sem entrar em conta com a dívida em si, Portugal deveria
crescer anos a fio acima dos quatro ou cinco por cento ao ano e o mesmo deveria
ocorrer nos países para onde mais exportamos, alguns deles também com
dificuldades financeiras. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que
isto é ficção científica. Mas ficção científica é algo que facilmente passa por
realidade à dupla de sumidades académicas Passos Coelho-Portas que governa o
país.
(*) Rui
Curado Silva, Investigador
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