As palavras simples e atempadas da
deputada bloquista Catarina Martins, durante o último debate quinzenal no
Parlamento, foram um reflexo tão evidente do que o português comum pensa que
têm servido de tema a vários comentários. Toda a gente sabe e observa todos os
dias que o Governo em geral e, o primeiro-ministro em particular em particular,
mentem aos portugueses, de tal forma que correm o risco de não serem levados a
sério quando alguma vez falarem verdade.
A produção de um manifesto subscrito por
personalidades da esquerda à direita revelado hoje pelo Público é, por si só,
reveladora da situação clamorosa e do beco sem saída a que o país chegou. Ainda
há pouco tempo seria impensável que personalidades de cariz ideológico tão
diverso pudessem chegar a acordo sobre um documento com este conteúdo. Isto deve
fazer reflectir os portugueses no sentido de ser necessário pôr cobro à
austeridade eterna e brutal que nos querem impor. A propaganda do Governo e dos
seus altifalantes espalhados por toda a comunicação social formam uma teia de
mentiras muito bem urdidas mas que não resistem a uma análise mais profunda. Denunciar
estas mentiras, umas mais evidentes que outras, é uma das funções dos
representantes do povo no Parlamento que não pode ser achincalhada por quem
quer que seja e, muito menos, pelo primeiro-ministro. Por isso, a oportunidade
da intervenção de Catarina Martins e a reacção do grupo parlamentar do BE ao
abandonar o hemiciclo como forma de protesto.
No artigo que hoje assina no Público, José
Vitor Malheiros não deixa de fazer referência à deplorável “birra” do
primeiro-ministro aquando do debate quinzenal da semana passada, nos seguintes
termos:
Sobre a birra
de Pedro Passos Coelho no Parlamento, quando Catarina Martins referiu algo tão
verdadeiro, tão evidente e tão fácil de provar como a ausência de valor da sua
palavra: será que alguém poderia explicar ao primeiro-ministro que, quando ele
se apresenta no Parlamento, é ao povo que responde, através dos seus
representantes legítimos, e não a esta ou àquela pessoa? E será que alguém pode
explicar a mesmíssima coisa à inefável reformada que preside ao Parlamento? E
será que alguém pode explicar a ambos que “responsabilidade” significa o dever
de responder? Ou será que PPC e Assunção Esteves acham que o Governo apenas é
responsável perante a troika?
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