Na
sua edição de fim-de-semana, o Jornal i publicou uma longa entrevista com
Catarina Martins, a qual consideramos merecer uma leitura integral. De qualquer
maneira, resolvemos transcrever as ideias principais expressas pela
coordenadora do Bloco de Esquerda.
Não
há mulher em lado nenhum que não seja confrontada com o paternalismo.
O
Bloco já tinha quotas internas antes das quotas serem lei.
Agora
as quotas no Bloco passaram a ser 50/50 em vez de serem um terço.
[Colocar
Mariana Mortágua na Comissão de Inquérito do BES] foi das melhores coisas que
nós fizemos.
Vender
o Novo Banco é um erro.
Até
agora temos perdido milhares de milhões de euros dos contribuintes em operações
em que basicamente se pega em bancos falidos, injeta-se dinheiro público e
depois entregá-los novamente a privados.
Qualquer
solução para o Novo Banco tem custos altos [para os contribuintes].
Continuamos
a achar que a hipótese do controlo público, a da nacionalização [do Novo Banco]
é aquela que tendo alguns custos no imediato tem menos custos a longo prazo e
permite proteger melhor a economia.
Reconhecemos
que houve uma alteração no governo a esse respeito [do sistema financeiro].
Nós
sempre soubemos que existia um alinhamento entre o Partido Socialista e a
direita do ponto de vista da relação com a Europa.
O
que nós consideramos é que para continuarmos o caminho para parar o
empobrecimento que acordámos em conjunto é necessária alguma capacidade de
alterar a relação com a Europa.
Enquanto
o que estiver no acordo estiver a ser cumprido, o Bloco de Esquerda não põe
esse acordo em causa.
O
afunilamento a que se decidiu chamar integração europeia está a agravar-se.
A
dívida portuguesa tem de ser reestruturada.
Não
chega parar o empobrecimento. Combater ativamente a crise económica é outro
passo que é preciso fazer que não está a ser feito.
O
problema é se controlamos o défice à conta da melhoria da economia ou do
estrangulamento da economia.
Não
podemos dizer que acabou a austeridade. Podemos dizer que parámos o
empobrecimento do país.
A
direita estava absolutamente errada quando disse que era impossível repor os
salários da Função Pública e não cortar nas pensões e o país não se desfazer.
Há
alguém que ache credível um projeto de uma Europa a várias velocidades com um
só euro.
Nós
[no Bloco] somos internacionalistas! Não gostamos de fronteiras, gostamos de
livre circulação, somo cidadãos da Europa e do mundo.
A
Europa no estado em que está está a matar o europeísmo.
Temos
de mos preparar para uma União Europeia que está em convulsão e na qual ninguém
sabe o que vai acontecer.
[Na
cimeira de Roma] os vários governos é que escreveram preto no branco que querem
uma União Europeia de divergência!
Toda
a gente, em Portugal, da esquerda à direita, diz que o euro como está não funciona!
Se
a moeda não funcionar, temos ou não que nos preparar para uma alternativa?
O
BCE ultrapassou os poderes que tinha para negar a um povo a sua escolha. Mas nós
somos uma colónia?
Precisamos
de estudar uma eventual saída do euro.
O
Brexit é um sinal claro de que o otimismo europeu não é verdade hoje.
Não
se pode fazer nada contra a vontade popular.
O Plano B é um fórum
de debate e construção de alternativas à política do Euro e à construção europeia,
provavelmente o maior que existe hoje à esquerda na Europa.
O
Bloco recebe a próxima cimeira do Plano B em Lisboa.
A ideia de ter uma actividade como a que tenho
hoje era uma coisa que me era muito distante.
[No
Porto] a candidatura seria naturalmente forte porque João Semedo é um candidato
forte.
No
Porto, a candidatura do Bloco e a única candidatura socialista.
Acho
que o Bloco vai ter o melhor resultado de sempre nas autárquicas.
Devo
dizer que há uma comunicação social em Portugal que permite que eu preserve a
minha família.
Prefiro ter reuniões mais
tarde, para poder jantar em casa.
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