Não é preciso ser de esquerda para se ter consciência de que a quebra brutal dos rendimentos do trabalho e a consequente concentração da riqueza nas mãos de uns poucos, não conduzem ao fim da recessão, antes a agravam. Basta olhar para a história do último século para se perceber o que nos espera. Cortes nos salários, redução das prestações sociais, aumento das despesas em transportes, energia, saúde e educação, aumento dos impostos sobre o trabalho, aumento do IVA para reduzir a TSU são alguns dos exemplos que, invariavelmente, se vão traduzir em recessão. Muitos especialistas das mais variadas tendências ideológicas têm-se pronunciando contra as medidas que estão a ser tomadas sem que os poderes constituídos lhes dêem ouvidos.
O texto seguinte é a primeira parte do artigo de opinião – “GORDA AUSTERIDADE” – que Daniel Oliveira assina este sábado no “Expresso”, onde se expõem de forma cronológica os períodos de maior concentração da riqueza, tanto nos EUA como na Europa e as consequências que daí advieram. Não são meras coincidências.
"Robert Reich, Secretário do trabalho de Clinton, num artigo recentemente publicado no “The New York Times”, fez este exercício saudável: olhar para a floresta em vez de se concentrar na árvore. Recordando que há uma coisa em comum entre esta crise e a grande depressão: ambas aconteceram quando a desigualdade na distribuição dos rendimentos atingiu o seu ponto máximo. Em 1928, 1% dos americanos detinha 24% dos rendimentos. Mudaram-se as políticas e em 1976 detinha apenas 9%. Em 2007, chegava aos 23,5%.
Os números são americanos mas servem para a Europa. Entre 1949 e 1979, a produtividade subiu 119% e os salários 79%. Entre 1980 e 2009 a produtividade aumentou 80% e os salários apenas 8%. No primeiro período, os 20% mais pobres aumentaram os seus rendimentos em 122% e os mais ricos em 99%. No segundo período, que começou com a chegada de Reagan e Thatcher ao poder, os mais pobres perderam 4% e os mais ricos ganharam 55%. Para ajudar à festa, as grandes fortunas conseguiram, através da deslocalização de capitais e da pressão sobre o poder político, fugir aos impostos. Foram os trabalhadores que já tinham sido roubados nos salários, a carregar o fardo fiscal. Desde o princípio do século, os ciclos foram estes: concentração de riqueza, crise, políticas redistributivas, prosperidade, concentração de riqueza, crise de novo."
O texto seguinte é a primeira parte do artigo de opinião – “GORDA AUSTERIDADE” – que Daniel Oliveira assina este sábado no “Expresso”, onde se expõem de forma cronológica os períodos de maior concentração da riqueza, tanto nos EUA como na Europa e as consequências que daí advieram. Não são meras coincidências.
"Robert Reich, Secretário do trabalho de Clinton, num artigo recentemente publicado no “The New York Times”, fez este exercício saudável: olhar para a floresta em vez de se concentrar na árvore. Recordando que há uma coisa em comum entre esta crise e a grande depressão: ambas aconteceram quando a desigualdade na distribuição dos rendimentos atingiu o seu ponto máximo. Em 1928, 1% dos americanos detinha 24% dos rendimentos. Mudaram-se as políticas e em 1976 detinha apenas 9%. Em 2007, chegava aos 23,5%.
Os números são americanos mas servem para a Europa. Entre 1949 e 1979, a produtividade subiu 119% e os salários 79%. Entre 1980 e 2009 a produtividade aumentou 80% e os salários apenas 8%. No primeiro período, os 20% mais pobres aumentaram os seus rendimentos em 122% e os mais ricos em 99%. No segundo período, que começou com a chegada de Reagan e Thatcher ao poder, os mais pobres perderam 4% e os mais ricos ganharam 55%. Para ajudar à festa, as grandes fortunas conseguiram, através da deslocalização de capitais e da pressão sobre o poder político, fugir aos impostos. Foram os trabalhadores que já tinham sido roubados nos salários, a carregar o fardo fiscal. Desde o princípio do século, os ciclos foram estes: concentração de riqueza, crise, políticas redistributivas, prosperidade, concentração de riqueza, crise de novo."
Luís Moleiro
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