Não tem merecido grandes comentários mas a verdade é que, numa altura em que o Ministério da Educação vem dando sinais de falhas inadmissíveis que são pouco coerentes com antigas declarações de Nuno Crato, apareceu na edição de há dois dias do DN uma notícia que atribui 514 mil dias de baixas médicas aos professores entre Outubro de 2010 e Janeiro de 2011. Uma manobra de diversão, pensamos nós, na medida em que, feitas as contas, cada professor terá faltado, em média, menos de 1 dia por mês.
É claro que os números, tal como foram apresentados, causam um grande impacto na opinião pública, contribuindo para desacreditar a classe docente embora a realidade dos factos seja bem diferente do que se deseja fazer crer. Não há como encontrar alvos fáceis e indefesos para distrair as pessoas dos problemas verdadeiramente importantes.
Trata-se de uma situação que faz lembrar os tempos de Maria de Lurdes Rodrigues em que a campanha anti-professores fez escola mas acabou por não atingir os objectivos pretendidos pelo Governo Sócrates. Apesar da casmurrice do então primeiro-ministro, o feitiço acabou por se virar contra o feiticeiro.
O ministério Crato, se está a enveredar pelo mesmo caminho, virá a arrepender-se mais tarde ou mais cedo. Apesar de ter obtido o apoio de uma parte dos sindicatos para o novo modelo de avaliação dos professores, isso não cauciona a tomada de medidas, de forma atabalhoada nem a falta de estratégia do Governo na área da educação. Ainda hoje, com grande surpresa, tomámos conhecimento do cancelamento do prémio de mérito, no valor de 500 euros, para os melhores alunos do ensino secundário. Trata-se de uma completa contradição relativamente ao discurso do Ministro de Educação em relação ao mérito e à excelência que tanto proclama. É de tal forma óbvio que a decisão foi tomada em cima do joelho que, nem sequer, foi possível inventar uma explicação aceitável. Para além disso, sabendo-se que o prémio seria entregue depois de amanhã, estamos na presença de uma medida lamentável, frustrante e desmotivadora para os alunos que gostam de ver reconhecido o seu mérito.
Não resistimos a apresentar um pequeno excerto do artigo de opinião que o prof. Santana Castilho hoje assina no “Público” onde se demonstra a falta de estratégia dos principais responsáveis pela educação em Portugal:
“Quem também falou foi a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário. Depois do que ouvi, em entrevista ao Correio da Manhã, fiquei esclarecido, que não surpreendido. Move-se no desconhecido, a senhora. Foram constantes expressões como: "talvez"; "até pode ser"; "estamos a equacionar"; "estamos a trabalhar no estudo"; "ainda está em fase de estudo"; "ainda está a ser trabalhado"; "é nossa intenção fazer"; "é nossa intenção introduzir"; "é nossa intenção universalizar". Quando saiu deste registo assertivo, esbarrou com a realidade. "Alargar o ensino pré-escolar a idades mais precoces"? Se agora estamos nos três anos, propõe passar os partos para o jardim-escola, para aproveitar o tempo? Menorizar a Educação Física? Escolarizar a educação da infância? Lastimável!”
Ficámos esclarecidos…
Luís Moleiro
É claro que os números, tal como foram apresentados, causam um grande impacto na opinião pública, contribuindo para desacreditar a classe docente embora a realidade dos factos seja bem diferente do que se deseja fazer crer. Não há como encontrar alvos fáceis e indefesos para distrair as pessoas dos problemas verdadeiramente importantes.
Trata-se de uma situação que faz lembrar os tempos de Maria de Lurdes Rodrigues em que a campanha anti-professores fez escola mas acabou por não atingir os objectivos pretendidos pelo Governo Sócrates. Apesar da casmurrice do então primeiro-ministro, o feitiço acabou por se virar contra o feiticeiro.
O ministério Crato, se está a enveredar pelo mesmo caminho, virá a arrepender-se mais tarde ou mais cedo. Apesar de ter obtido o apoio de uma parte dos sindicatos para o novo modelo de avaliação dos professores, isso não cauciona a tomada de medidas, de forma atabalhoada nem a falta de estratégia do Governo na área da educação. Ainda hoje, com grande surpresa, tomámos conhecimento do cancelamento do prémio de mérito, no valor de 500 euros, para os melhores alunos do ensino secundário. Trata-se de uma completa contradição relativamente ao discurso do Ministro de Educação em relação ao mérito e à excelência que tanto proclama. É de tal forma óbvio que a decisão foi tomada em cima do joelho que, nem sequer, foi possível inventar uma explicação aceitável. Para além disso, sabendo-se que o prémio seria entregue depois de amanhã, estamos na presença de uma medida lamentável, frustrante e desmotivadora para os alunos que gostam de ver reconhecido o seu mérito.
Não resistimos a apresentar um pequeno excerto do artigo de opinião que o prof. Santana Castilho hoje assina no “Público” onde se demonstra a falta de estratégia dos principais responsáveis pela educação em Portugal:
“Quem também falou foi a secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário. Depois do que ouvi, em entrevista ao Correio da Manhã, fiquei esclarecido, que não surpreendido. Move-se no desconhecido, a senhora. Foram constantes expressões como: "talvez"; "até pode ser"; "estamos a equacionar"; "estamos a trabalhar no estudo"; "ainda está em fase de estudo"; "ainda está a ser trabalhado"; "é nossa intenção fazer"; "é nossa intenção introduzir"; "é nossa intenção universalizar". Quando saiu deste registo assertivo, esbarrou com a realidade. "Alargar o ensino pré-escolar a idades mais precoces"? Se agora estamos nos três anos, propõe passar os partos para o jardim-escola, para aproveitar o tempo? Menorizar a Educação Física? Escolarizar a educação da infância? Lastimável!”
Ficámos esclarecidos…
Luís Moleiro
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