A
estupidificação e desinformação das pessoas é a melhor estratégia para poderem
deixar-se dominar sem qualquer resistência. A ditadura pretendia impedir pela
força que os cérebros das pessoas funcionassem, colocando em causa as
malfeitorias de que eram alvo. A democracia de baixa intensidade em que agora vivemos
usa uma estratégia muito mais sofisticada, dominando as pessoas sem que elas
dêem por isso. Os meios usados são da mais variada índole, de modo a atingir o
máximo possível da população. Se no tempo da ditadura, a religião, e o futebol
serviam para controlar os ânimos dos portugueses, desviando as suas atenções do
essencial, nos dias que passam, a parafernália de canais televisivos sofisticaram
os meios já existentes e acrescentaram outros de comprovada eficácia. Entre
muitos, lembramos um, especialmente repugnante, que agora se chama Casa dos Segredos,
referido no pequeno texto que transcrevemos do Diário as Beiras de ontem.
Os
mesmos que estão sempre prontos a tratar os jovens de ignorantes, os mesmos que
proferem discursos moralistas contra a escola pública (claro, a privada é que é
boa…), os mesmos que martelam aquele discurso do antes é que era bom (então não
era…), são esses mesmos que dirigem canais televisivos onde se serve estupidificação
quotidiana à população portuguesa. Por exemplo, este fim-de-semana [passado],
enquanto o canal público franco-alemão ARTE transmitia um documentário sobre
Fernão de Magalhães, em horário nobre, as nossas televisões privadas em sinal
aberto transmitiam telenovelas e a Casa dos Segredos. Os direitos de transmissão
da Casa dos Segredos são pagos a peso de ouro à empresa holandesa Endemol, no
entanto são ainda os mesmos que proferem sentidos discursos para consumir
nacional.
As alminhas da Casa são escolhidas
a dedo, um dos critérios é serem mais lerdas que os próprios produtores (não é
fácil). Os concorrentes não podem falar de política (será isto legal?), pois
claro, uma boa discussão política pode ser perigosa, pode acordá-los do coma cerebral
a que estão sujeitos na Casa. Outro dos objetivos da Casa é aguçar o apetite dos
espectadores. A produção faz um esforço colossal para mascarar a estupidez com
cosmética e guarda-roupa. O problema é que a estupidez não é sexy. É a minha opinião,
não vale nada, mas é assim.
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