Num
país como Portugal, com poucos recursos naturais valiosos, a aposta na área do
conhecimento é crucial para o nosso futuro colectivo. O conhecimento é a nossa
riqueza, muito mais importante do que se tivéssemos poços de petróleo já que o
chamado ouro negro esgotar-se-á um dia e o saber gera saber, sempre em expansão.
Por isso mesmo, o sector da educação deveria ser sempre acarinhado por todos os
governos, de uma forma particular.
Desde
que este Governo entrou em actividade, rapidamente se percebeu a sua estratégia
de entrega a privados de tudo o que fosse susceptível de produzir lucros. Em
particular no que dia respeito à educação, o ministro Crato mostrou rapidamente
ao que vinha favorecendo as escolas privadas em detrimento da escola pública. Aqui,
o desinvestimento foi notório, com uma clara intenção destruidora nos vários
níveis de ensino.
Não
terá sido por acaso que se chegou ao descalabro que constituiu o interminável
folhetim da colocação de professores. Muitos alunos já perderam cerca de um
terço do primeiro período, numa altura em que ainda não sabem quando terão as
aulas todas.
O
tema educação tem ocupado, mais uma vez pelos piores motivos, muitas páginas da
imprensa escrita e longos tempos de antena nas televisões. Todos os dias é
fácil encontrar quem produza juízo sobre o tema do momento. A opinião pública não
compreende nem aceita o que se está a passar.
Reproduzimos
a seguir um pequeno texto que transcrevemos do Diário de Coimbra, um pouco mais
abrangente do que tem sido comum sobre a área educativa.
Num
discurso que marcou as comemorações do 10 de Junho de 2012, o então reitor da
Universidade de Lisboa, professor Sampaio da Nóvoa, alertava para as enormes
fragilidades do nosso país acentuando que “… o futuro está no reforço da
sociedade e na valorização do conhecimento”.
Contudo,
nos últimos anos, os reitores das Universidades e presidentes de Institutos Politécnicos,
têm vindo, em uníssono, a alertar a população para os cortes orçamentais um
tanto atabalhoadamente impostos pelo Governo às Instituições que produzem
conhecimento, mas em vão.
No
ano lectivo ora iniciado, todas as instituições de ensino superior foram, uma
vez mais, afectadas por enormes carências financeiras resultantes de dotações
orçamentais aquém das suas necessidades, em alguns casos mesmo insuficientes
para cobrir as despesas correntes.
Nas
escolas do ensino básico e secundário, graças a uma absurda fórmula matemática “inventada
pela Secretaria de Estado da Educação, utilizada na colocação de professores,
de Norte a sul do país, reina a confusão. A título de exemplo, veja-se o caso
noticiado de “uma professora de ensino especial de Bragança, colocada a 12 de
Setembro em Constância, para onde se mudou com a filha, foi informada
sexta-feira, da revogação do seu contrato e de nova colocação no Algarve” e que
casos similares se repetem por todo o lado.
O
desnorte a nível da coligação é tal, que o jovem deputado do PSD, Duarte
Marques, escreveu na sua página do facebook que “esta situação da colocação de
professores assume proporções inaceitáveis. É inconcebível que o Secretário de
Estado da Administração Escolar não venha a público esclarecer uma situação pela
qual é responsável”.
O
Secretário de Estado, a quem aquele jovem do PSD se referia, é o militante do
CDS, João Casanova de Almeida que segundo revelou o jornal Público, foi
responsabilizado pelos juízes do Tribunal de Contas por ter autorizado que
fossem pagos a uma empresa do sector informático, 4,9 milhões de euros pela instalação
da rede de banda larga que liga as escolas, através de ajustes directos e
adjudicações irregulares, ou seja sem a realização de concursos públicos
obrigatórios.
Com
um Ministério da Educação incapaz de assumir politicamente as suas
responsabilidades por atos que conduziram a danos irreparáveis, numa tentativa
de alijar responsabilidades, assistimos ao lançamento de umas tantas farpas
entre personalidades dos dois partidos que compõem a actual maioria que nos
governa.
Um
país que evoluiu muito, graças ao investimento na educação e conhecimento,
conforme o provam relatórios internacionais, vê-se confrontado com graves
situações disfuncionais que configuram um retrocesso dificilmente recuperável
nos próximos anos.
Segundo
as cabeças pensantes de quem nos governa, o país precisa de um programa
educativo inconsistente recheado de medidas avulsas e sem responsáveis
políticos.
Estamos, pois, perante um
Governo sem Educação!
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