A
forma inqualificável como os taxistas levaram a cabo o protesto da passada
segunda-feira, teve duas péssimas consequências: 1) Conseguiram a quase
unanimidade dos portugueses contra as suas reivindicações, deixando uma imagem
da classe profissional completamente enlameada e que vai levar anos a limpar;
2) Promoveram ainda que involuntariamente a imagem da Uber, de tal modo que uma
parte da opinião pública passou a demonstrar clara simpatia por aquela
multinacional.
Ora,
acontece que, depois de o pó levantado pela concentração de taxistas assentar,
muita gente começou a debruçar-se sobre a essência do problema em apreço para
chegar à conclusão de que os taxistas não são verdadeiramente os maus da fita,
para além dos desacatos que provocaram. Estamos, sim, perante um lobo que se
veste com pele de cordeiro. De facto, a Uber foi a grande beneficiada da
concentração dos taxistas mas não se encontra instalada em Portugal para
proporcionar aos nossos cidadãos um serviço de qualidade na área dos
transportes, colmatando assim as deficiências do serviço dos táxis. A finalidade
última das multinacionais como a Uber é destruir
a concorrência e conquistar o mercado cobrando taxas muito baixas numa
fase inicial para, depois, subir os preços como melhor lhes aprouver.
Aliás, há ainda outra característica das
chamadas empresas da “economia de partilha” como a Uber que é a transferência do“risco do negócio das empresas para os trabalhadores” destruindo os direitos do trabalho e afundando os salários, como se pode perceber numa reportagem sobre
condutores da Uber em Los Angeles que recolhemos no site dos Precários Inflexíveis.
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