Diz
o povo que quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Pois bem, as
declarações de Wolfgang Schäuble no sentido de que Portugal “estava a ser bem
sucedido até entrar o novo governo” devem ser consideradas, no mínimo, como uma
manifestação de falta de respeito pela democracia. Ainda que venha a negar o que
disse, o ministro alemão das Finanças sabe muito bem o efeito que as suas
palavras a nível das instituições financeiras internacionais de que Portugal depende.
Não há aqui qualquer falha daquele senhor mas uma intenção deliberada em
prejudicar o nosso país. Ele não suporta a actual fórmula governativa suportada
pela esquerda e aproveita todas as ocasiões para lhe provocar o maior desgaste
possível. Deve assinalar-se que, em vários quadrantes se sentiu repúdio pelas
afirmações de Schäuble. No texto seguinte que transcrevemos do Público de hoje,
Domingos Lopes critica com muita veemência o braço direito da sra. Merkel.
O
Sr. Schäuble, ministro das Finanças da imperatriz Merkel, não tem estaleca para
viver em conjunto com outras nações, designadamente com aquelas que escolhem o
seu próprio caminho político.
Ao
Sr. Schäuble a vontade de um povo em eleições livres nada lhe interessa. Para
ele o que conta é a sua predileção política, o que significa que para a grosse Deutschland todos os que não
alinham com os seus desígnios correm sérios riscos de ter resgates.
Schäuble
gostava do seu homem, do Dr. Passos … um amor, mas não devia passar dessa
simpatia amorosa pelo homem que se guiava pelo eixo de Berlim e castigava os
portugueses pela sua desgraça.
Os
ministros de um dado país devem respeitar a vontade soberana de um povo de
outro, não se ingerindo e pressionando esse país.
O
Sr.
Schäuble ao declarar que este governo não está ir bem como ia o
anterior, ofendeu grosseiramente a soberania portuguesa, a qual reside na
vontade popular que levou à formação do atual governo.
Sabemos
que a soberania anda pelas ruas da amargura; e só por isso este sátrapa
confunde Portugal com uma coligação de direita que se borrava diante da dupla
Merkel/Schäuble.
Schäuble
é da estirpe imperial que não aceita outra realidade que não seja a que serve
os interesses da alta finança alemã.
Para
a Alemanha já interessa a defesa dos interesses alemães, mas para Portugal o
que devia contar, segundo Schäuble, era o que os mercados financeiros achassem
melhor, sendo certo que quem tem a palavra decisiva nesses mercados é a alta
finança alemã.
O
governo de Passos era um fofo para a Alemanha, orientava-se por aquela bússola
e ia para além do que a troika impunha ao protetorado
lusitano.
Brandia
o chicote e zás no lombo dos portugueses, calaceiros, malandros, pobres, que
tinham de empobrecer para os senhores alemães, holandeses, franceses e ingleses
virem a terras portuguesas contratar mão-de-obra a preço da uva mijona.
Nos
corredores da grande metrópole berlinense ouvia-se o contentamento por em
Portugal haver um governo que compreendia a Alemanha e colocava os mercados über alles –“ Temos governo” diziam os conservadores
alemães a cada medida da austeridade que Schäuble quer continuar a impor a
Portugal e ao sul da Europa para os alemães terem muito mais feriados que os
portugueses, ganharem altamente e virem cá de férias gastar uma ninharia
comparado com o que teriam de pagar pelos mesmos serviços na Alemanha…
Quem
esqueceu aquela expressão angelical do Sr. Prof. Vitor Gaspar curvado para o
austero Schäuble … Desta gente o sátrapa já aprecia.
Podia
lá o Sr. Schäuble gostar de um Costa que estancou o empobrecimento a galope do
seu querido seguidor, o Dr. Passos acolitado pela Sra. Prof. Maria Luís da
Arrows… além disso o que vale a vontade de um povo expressa na composição do
parlamento com a do grande império?
O
cavalheiro vai ter de aprender a viver com a vontade democrática do povo
português e devia saber que o tempo da campanha eleitoral findou e ainda que
pressões e ingerências são uma grosseira ofensa ao Estado português e a todos
os portugueses, inclusive aos que votaram no PSD e CDS.
Mas
isso era preciso que ele compreendesse o que é viver entre Estados
independentes onde os governos são constituídos no parlamento e não na capital
do império.
Não
será de esperar que o cavalheiro mude o chip
porque essa não é a matéria de que é feito. As vezes que tem falado
ingerindo-se, pressionando Portugal, mostra o calibre desta alma agoirenta no
que refere à defesa dos mercados, dos alemães em detrimento dos outros países e
dos seus cidadãos.
A sua alma de insolente irá
com o senhor até ao fim da vida. Saibam os portugueses dar-lhe a devida
resposta. Um povo de um país independente há 873 anos não pode aceitar estas
grosseiras ingerências de um dos políticos mais influentes da Alemanha. O
governo alemão deve explicações ao governo e ao povo de Portugal. Basta de
insolência. A imperatriz nem que seja para fazer de conta deve segurá-lo na sua
incontinência se é que pode ou quer.
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