sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

JOÃO VASCONCELOS ASSINA ARTIGO DE OPINIÃO NO “JORNAL DO ALGARVE”



O Algarve alcança um triste e trágico record em 2016 - 10.241 acidentes rodoviários!
De acordo com dados divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, ocorreram no Algarve, no ano de 2016, mais de 10.000 acidentes rodoviários, mais precisamente 10.241 (grande parte na EN125)! O Distrito de Faro ficou em 4.º lugar a nível nacional, apenas sendo ultrapassado por Lisboa (26.869), Porto (23.598) e Braga (10.598 acidentes).
Assim, em 2016 foram mais 751 acidentes do que em 2015 e mais 1.903 do que em 2014, com 31 vítimas mortais e 158 feridos graves. Vítimas que ainda podem aumentar após o transporte de feridos para as unidades de saúde. Trata-se de um triste e trágico record para a região do Algarve.
Analisando com mais algum pormenor os dados, constata-se que só nos últimos três anos aconteceram no Algarve 28.089 acidentes rodoviários, com 97 mortos e 459 feridos graves. Em 5 anos de portagens na Via do Infante registaram-se na região cerca de 46.800 acidentes, 160 vítimas mortais e 765 feridos graves, a maioria na EN125. Uma tragédia e uma espécie de “guerra não declarada” no Algarve! É evidente que nem todos os acidentes e vítimas se devem à introdução das portagens, mas uma grande percentagem desta injustiça e arbitrariedade é daqui que resulta.
Outra situação deveras curiosa é o facto do Distrito de Faro, representando apenas 4,3% da população a nível nacional, se encontrar, quando ao número de acidentes, acima dos Distritos de Santarém, com 4.923 (também com 4,3% da população), Leira com 6.747 (4,5%), Aveiro com 10.119 (6,8%) e Setúbal, com 9.696 acidentes (com 8,1% da população).
Toda esta vergonha e estes crimes acontecem na principal região turística do país, uma região sem vias alternativas, com uma EN125 longe de se encontrar totalmente requalificada (mesmo requalificada nunca será alternativa), e uma ferrovia regional mais própria do século XIX.
E os principais responsáveis políticos – regionais e nacionais do PS, PSD e CDS/PP –, que continuam teimosamente a defender as portagens, não veem e não teem consciência desta situação? Antes culpavam a troika, agora desculpam-se com a atual situação financeira do país. Então e todos os acidentes, mortos e feridos que ocorrem, não contam? E o contrato ruinoso com a concessionária da PPP da Via do Infante que, mesmo com a cobrança de portagens, custa ao Estado e aos contribuintes cerca de 40 milhões de euros anuais, de nada vale? O que se impõe, é eliminar quanto antes as portagens na região.
Os responsáveis políticos que teimam em defender um erro crasso indefensável no Algarve, de facto, navegam num mar agitado e tenebroso de uma grande irresponsabilidade. E continuam a enganar a região e as suas populações.
Já não bastavam o PS e a direita chumbarem todas as propostas que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, e de outras forças políticas, teem apresentado na Assembleia da República (só em 2016 o Bloco apresentou 3 vezes), como ainda atacam o BE por ser responsável pela manutenção e aumento das portagens. Que triste figura fazem os deputados do PSD e CDS/PP e, muito em particular, os seus deputados eleitos pelo Algarve. Apenas servem para tentar enganar os incautos e alijar graves responsabilidades no passado, presente e futuro.
O Bloco de Esquerda – onde se inclui o seu deputado eleito pelo Algarve – tem sobejas provas dadas na luta pela abolição das portagens na Via do Infante. Uma luta que irá continuar – dentro de fora do Parlamento - com determinação, sem tréguas e doa a quem doer! As promessas em torno do lema bloquista da campanha eleitoral para as legislativas de 2015, “As Lutas do Algarve ao Parlamento”, são mesmo para cumprir! Que não restem dúvidas!
Para finalizar, não deixa de ser muito estranho e inusitado que um alto dirigente, de uma outra força política, à esquerda do PS, se tenha entretido a criticar o deputado bloquista algarvio, num artigo que escreveu a semana passada neste órgão de informação, dizendo a dado passo que o referido deputado do BE eleito pelo Algarve ameaçava votar contra o próximo Orçamento de Estado “se o problema das portagens não for resolvido. Então e o resto?! E a saúde, e o ensino, e a segurança das populações, e a justiça, e os salários, e as reformas, e o investimento público, e a precariedade... é que, infelizmente, os problemas do Algarve e do país não acabam nas portagens” - conclui o artigo.
Além de estranho e inusitado, torna-se incompreensível! Em primeiro lugar, desconhecem-se as fontes, originais e verídicas, em que o autor do artigo acima citado se terá baseado para proferir afirmações tão taxativas em relação ao deputado, que “ameaçava votar contra o próximo Orçamento de Estado”. Por outro lado e o mais simportante, para o autor também de nada valem todos os acidentes, as vítimas mortais, os feridos, a PPP ruinosa?! Tal como, grande parte dos outros problemas elencados (as reticências sugerem que há mais) que, se não forem solucionados ou, pelo menos, grandemente melhorados por este governo, irão colidir, gravemente, com acordos assinados! E políticas irresponsáveis, promessas e acordos não cumpridos, não se compadecem com cheques em branco!
João Vasconcelos
Observação: Artigo publicado no Jornal do Algarve no dia 19 de janeiro de 2017.

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