Por muitas artimanhas que usem, a verdade é que os chamados partidos do arco do poder (PS, PSD e CDS) defendem as mesmas soluções para a crise portuguesa: privatizar tudo o que mexe (e dá lucro), desmantelar o que ainda resta do Estado Social, acabar com os mais elementares direitos dos trabalhadores, enfim, tornar a democracia uma caricatura de si própria. É por isto que aqueles partidos tanto se digladiam. Torna-se muito difícil encontrar diferenças entre gotas de água que brotam da mesma fonte, a ideologia neoliberal. Para o FMI, expoente máximo do neoliberalismo, só faz sentido procurar soluções com forças políticas da sua área ideológica.
Seria um mau sinal que BE e PCP – partidos do “arco do emprego e do Estado Social” – não fossem considerados pouco dignos de crédito pelos representantes da alta finança. São os únicos que lhes fazem frente porque denunciam as suas malévolas intenções. E é bom que assim continuem!
O seguinte texto de José Manuel Pureza faz a separação das águas entre os que aceitam todos os ditames do FMI e os que defendem alternativas viáveis mas muito menos gravosas para os cada vez mais numerosos sectores desfavorecidos da população portuguesa.
FMI
"“O FMI é uma finta vossa!”, clamava José Mário Branco em 1979. Repeti-lo-ia hoje, estou certo.
O FMI que agora administra o país como se de uma colónia se tratasse, que decide quais os partidos que contam para identificar prioridades para o país, que desdenha as sugestões dos órgãos de soberania eleitos pelos cidadãos e que, mais que tudo, manda cortar aqui e desfazer acolá – esse FMI é muito mais que a sigla de uma organização internacional: é um entendimento do mundo, da política e da economia. Da vida das pessoas, portanto.
O FMI que voltou a aterrar na Portela já cá estava. Estava nos PEC’s todos que PS e PSD aprovaram e nos seus cortes nos direitos sociais dos mais pobres sem tocar na fiscalidade ridícula dos mais ricos. Estava nos despedimentos postos em saldo pelo Governo com apoio do PSD. Estava na proclamação da inevitabilidade de privatizar os correios ou os hospitais e de oferecer o erário público para a recapitalização dos bancos que estes não queriam assumir.
Agora não há disfarces. Por mais que PS e PSD ensaiem diferenças, o programa político de ambos será cumprir os ditames do FMI. E essa passou a ser marcadamente a linha divisória da política portuguesa. De um lado o arco do FMI. Do outro o arco do emprego e do Estado Social. É essa, e só essa, a escolha que teremos que fazer no próximo dia 5 de Junho.”
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