quarta-feira, 27 de abril de 2011

QUASEDITADURA

Estamos muito próximo daquilo a já alguém designou de ‘ditadura perfeita’. Aqueles que decidem não vão a votos e os que vão a votos não decidem. É o que agora estamos a viver através da farsa que constitui uma suposta “negociação” sobre a aplicação da receita de recessão em forma de programa de governo, pronto a servir, elaborado por Washington e Bruxelas. E o pior é que reconhecidos democratas estão fortemente empenhados na sua implementação. Gente séria que contesta esta situação e apresenta propostas igualmente sérias é quase insultada na praça pública, praticamente sem direito a resposta só porque recusa desempenhar o papel de idiotas úteis. A ditadura do pensamento único está em plena acção.
Os defensores do governo do “grande centro” fazem todos os possíveis para calar aqueles que combatem o “contrato” que vai transformar Portugal num protectorado de Bruxelas. O óbvio é fácil de perceber e só calando-o é possível manter a passividade dos cidadãos.
O seguinte texto de José Manuel Pureza constitui mais uma denúncia daquilo que nos querem apresentar como inevitável mas que não é.

De mãos dadas
“Os apelos à grande coligação centrista multiplicam-se. Antigos e actuais presidentes, homens da finança, senadores encartados e comentadores histriónicos dão sopro ao governo do grande centro. Mas eles são apenas a voz da exigência da troika: seja o que for que as eleições ditarem, aplique-se a receita da recessão. E de preferência com largo apoio político para aplacar tensões e tumultos.
Assim está a democracia em Portugal: a troika finge que negoceia com todos; a direita política e social aproveita para se mostrar mais papista que o papa nas propostas de austeridade; o Governo está desaparecido em combate e o presidente que antes falou forte e grosso agora cala-se antes que o comissário Rehn lhe volte a passar um raspanete; os mercados estão calmíssimos na extorsão de juros gigantescos; e o programa de governo para os próximos três (?) anos, que já vinha detalhadinho de Bruxelas e Washington, está na impressora pronto a servir.
Daqui a poucos dias, PS e PSD recebem lá em casa a carta com o contrato que têm de assinar. E os arautos da inevitabilidade do dito vão adiantando que o melhor mesmo é darem-se bem porque se se derem mal vai ser trabalho redobrado, ou não estivesse escrito nas estrelas que governariam de mão dada. Foi você que pediu uma democracia suspensa?”

Luís Moleiro

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