sábado, 9 de abril de 2011

REALISMO E BOM SENSO

É consensual que a direita sabe distinguir melhor do que a esquerda o seu inimigo principal. Esta atitude tem valido muitos desaires às forças progressistas por não conseguirem valorizar mais o que têm em comum do que aquilo que as separa. Pelo contrário, quando toca a rebate, todos aqueles que partilham a ideologia conservadora, mesmo que não pertençam a qualquer partido de direita, unem-se sem pensarem duas vezes naquilo que os distingue.

Perante os enormes desafios que a sociedade portuguesa está a enfrentar, é de elementar bom senso que a esquerda – a verdadeira – coloque de lado ancestrais sectarismos e se una no sentido de dar voz àqueles que não têm, apresentando soluções concretas e exequíveis que dêem esperança e ânimo aos portugueses, em especial, aos mais desprotegidos. São estes os mais prejudicados pela manutenção de uma esquerda de costas voltadas. Acaba por fazer fé que só a direita apresenta soluções para os problemas do país, quando se vê que a prossecução de políticas conservadoras só tem agravado as nossas vidas.

A realização de uma cimeira política que ontem teve lugar entre BE e PCP foi recebida com algum entusiasmo pelas forças mais progressistas deste país. Tratou-se de uma reunião ainda há pouco impensável mas que pode vir a dar bons resultados no futuro, sendo que, para já, está colocada de parte uma candidatura conjunta para as legislativas antecipadas. No entanto, isso não impede que se façam análises e prognósticos do que poderia resultar de uma união das candidaturas do PCP e do Bloco.

Num estudo que há dias foi publicado num jornal mas pouco divulgado pelos principais meios de comunicação social – como convém – um politólogo demonstrava que BE+PCP conseguiriam aumentar significativamente o número de deputados eleitos em relação aos que obtêm concorrendo em separado. Pela primeira vez conseguiriam garantir mandatos na Guarda, em Viseu e, até, na Madeira. Em vários distritos seria possível eleger dois deputados onde agora existe apenas um, para além de um claro aumento nos distritos mais populosos do país.

O caminho faz-se caminhando e, o mais importante é ir, com o tempo, removendo obstáculos e antigos ressentimentos.


Luís Moleiro

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