sexta-feira, 8 de abril de 2011

O MÉTODO ISLANDÊS

É sempre assim quando se aproximam as eleições: as forças políticas, personalidades e ideias à esquerda do PS vêem o seu acesso à comunicação social muito mais restringido ou então, como acontece em relação à televisão, são relegados para horas de fraca audiência. Para mais, neste momento há que calar as vozes que defendem as raras conquistas sociais ainda existentes ou contestam a intervenção do FMI em Portugal.

O pensamento único tem de ser preservado a todo o custo e há que fazer uma lavagem ao cérebro dos cidadãos no sentido de aceitarem, com resignação, todas as malfeitorias que estão a caminho e que não são inevitáveis.

O texto seguinte recolhido do jornal “Diário As Beiras” de hoje é mais uma confirmação de que há quem reconheça as virtualidades de medidas alternativas à resolução dos problemas financeiros provocados pelas “macaquices” dos senhores da alta finança como foi o caso do que aconteceu na Islândia onde o povo não se deixou levar nas proclamadas inevitabilidades, tomou as rédeas do país nas suas mãos e já está a obter resultados satisfatórios sem a “ajuda” do FMI.

“E a Islândia pá? Em 2007 a Islândia viu o seu mundo perfeito começar a ruir, com o endividamento privado e o crédito mal parado. O 13º país com a melhor qualidade de vida do mundo, com cerca de 320 mil habitantes, vivia acima das suas potencialidades graças às “macaquices” dos senhores da alta finança.

Quando tudo ruiu (acelerado pela crise do subprime nos EUA em 2008), como não podia deixar de ser, o FMI foi chamado para ajudar e, claro, tratou logo de querer emprestar dinheiro a juros elevadíssimos (5,5% ou mais).

A Islândia mobilizou-se, realizou um referendo (numa data mítica, 25 de Abril de 2009) no qual 93% dos islandeses recusou a “ajuda” e trataram de mudar de vida (a sociedade islandesa recusou pagar com dinheiros públicos as falcatruas realizadas pelos bancos e pelos políticos).

Despediram os políticos do passado, mudaram a constituição e trataram da vida. Custou mas deram a volta à bancarrota e no ano passado o seu PIB já cresceu 1,2% no último semestre (comparado com o anterior). Os cidadãos estiveram e estão com o novo governo porque este não lhes mentiu. Acrodem pá!”


Luís Moleiro

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