domingo, 17 de abril de 2011

O ESPECTÁCULO DA DEMOCRACIA

A Islândia viu-se, de um momento para o outro, mergulhada numa profunda crise causada pelos colossais erros cometidos pela banca. Em Portugal, como sabemos, também a banca tem os seus pecados mortais mas, no nosso caso, foram cobertos pelo dinheiro dos contribuintes que nada tiveram a ver com o descalabro financeiro.

Curiosamente, quando chamadas a comentar a forma de enfrentarmos a nossa situação financeira, as cabeças bem pensantes do neoliberalismo português sempre omitem o caso islandês assim como o calamitoso ponto a que se chegou na Grécia e na Irlanda com a aplicação das velhas receitas do FMI.

Os islandeses não são extremistas nem são governados por esquerdistas. Num curto espaço de tempo utilizaram a via democrática para saberem se os cidadãos estavam dispostos a pagar uma dívida que não é sua aos governos inglês e holandês pela falência de um banco. Das duas vezes, o resultado foi um rotundo “não” sendo que, na segunda vez as exigências dos credores tinham baixado de tom. Mesmo assim o povo pronunciou-se e entendeu, de novo, que não tinha nada a ver com as dívidas de terceiros apesar das ameaças directas ou veladas que foram sofrendo, de vários lados.

Estamos na presença de um exemplo histórico de como se deve utilizar a democracia para a resolução das grandes questões. Para os verdadeiros democratas – aqueles que não têm medo da democracia – foi uma delícia ver o regime que defendem ser aplicado na sua plenitude, num caso grave e concreto. Para os outros, aqueles que só evocam a democracia quando lhes convém, a atitude mais sábia é omitir o caso islandês.

Já aqui evocámos a atitude corajosa do pequeno país nórdico mas não é demais repeti-lo, apresentando outras tomadas de posição. “O povo que insiste em dizer ‘não’” é o título de um texto que Marisa Matias, eurodeputada do BE, assina na edição de fim-de-semana do “Diário As beiras”.

Eis um excerto desse artigo de opinião:




Luís Moleiro

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