Na revista de domingo passado de um
jornal diário nacional é citada uma questão colocada a uma conhecida figura pública
e a respectiva resposta (não são palavras textuais mas o sentido está lá todo).
Pergunta: Acha que o Governo mente aos
portugueses?
Resposta: É uma resposta que valeria 25
euros no euromilhões.
Sendo que, como todos sabemos, a resposta
à questão mais simples vale 50 euros, estamos conversados…
Vem isto a propósito de uma afirmação de
Agostinho Branquinho, Secretário de Estado da Segurança Social, segundo o qual,
devido a constrangimentos informáticos, as aplicações dos cortes nas pensões só
iria ocorrer a partir do segundo semestre deste ano. Por que razão aparecem
tamanhos constrangimentos informáticos que permitem aplicar apenas no segundo
semestre mais uma dentada nas já depauperadas pensões de sobrevivência? Cá está
uma resposta de 25 euros… Vai-se escondendo a realidade até às eleições
europeias para se obter o benefício da
dúvida ao Governo, da parte de muitos portugueses, como afirma Maria do
Rosário Gama, Presidente da APRe! no seguinte texto que podemos ler no Público
de hoje.
Estamos no país do vale tudo onde se alteram leis laborais à
vontade dos patrões, salários e pensões à vontade dos governantes, se diz e
desdiz no mesmo momento, se permite jogar com a vida dos outros como se cada
trabalhador, cada pensionista fosse uma “marionete” manobrada por governo,
troika e mercados, com os cordelinhos tão puxados que algum dia terão que
rebentar...
Na passada sexta-feira, dia 31 de Janeiro, durante uma audição
na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o secretário de Estado da
Segurança Social, Agostinho Branquinho, afirmou, que devido a constrangimentos
informáticos, as alterações que estão em vigor desde 1 de Janeiro ainda não
estão a ser aplicadas, nomeadamente os cortes nas pensões de sobrevivência do
regime da Segurança Social. Afirmou ainda que “este ajuste vai ser feito ao
longo de seis meses, a partir do segundo semestre".
A APRe! pergunta e responde:
Que constrangimentos informáticos são esses que demoram seis
meses a serem resolvidos? Só podem ser providenciais para que o povo permaneça
nesta inércia que impede a revolta contra as medidas escandalosas do governo
sobre os pensionistas e funcionários públicos;
Quem ganha com esta decisão do governo? Os pensionistas? Não,
porque estes vivem na angústia de saber que mais dia menos dia, o garrote virá,
só falta saber quando, presume-se que lá para meados do ano. Assim, no
tempo em que se aproximam as eleições europeias, os pensionistas ainda não
contactaram com a nova realidade de mais cortes nas suas pensões e quem sabe, nessas
circunstâncias, possam dar o benefício da dúvida ao governo(!!!)
Os cortes nas pensões de sobrevivência que já começaram a ser
aplicados aos aposentados da CGA são legítimos?
Não: as pensões de sobrevivência são pensões do regime
contributivo para as quais foi descontado, ao longo da vida do(a) conjuge, uma
percentagem do seu desconto global para a CGA ou para a Segurança Social. Estas
pensões que têm sido atribuídas de forma automática, passarão a depender da
situação económica dos beneficiários, ou seja da chamada "condição de
recursos". A lei da condição de recursos foi aprovada só para ser aplicada
nos subsídios não contributivos, como por exemplo o rendimento social de
inserção.
Quanto é que o Governo poupa com esta medida?
Poupa 100 milhões de Euros, ou seja um
quinto do que foi, esta semana, injectado no BPN (510 milhões
de Euros, segundo relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental, revelado no
mesmo dia em que o Secretário de Estado foi à comissão de Orçamento e
Finanças!)
O Governo só desrespeita os cidadãos? Não: apesar da
Christie’s já não estar disponível para leiloar os oitenta e cinco quadros de
Miró, o Secretário de Estado da Cultura(?) diz que o dinheiro dos quadros é
importante em tempos de crise e por isso, é importante vender esse património.
Um Governo que não respeita os cidadãos, que não respeita a arte, que não
respeita a cultura merece permanecer no poder? NÃO.
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