Algumas notícias positivas para a
economia portuguesa foram suficientes para o Governo e os seus acólitos fazerem
uma festa de arromba como se a recuperação já se encontrasse ao virar da
esquina. Estava-se a fazer história, os portugueses iriam começar a sentir o
dinheiro aumentar nos bolsos, chegando a anunciar-se um milagre económico.
Apesar de tudo, o mais comedido parece ter sido Luís Montenegro ao proclamar que
“a vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor”…
Mas eis que surge um desmancha-prazeres,
o FMI, a dar razão ao que muita gente anda a dizer há meses ou seja, que a
chave de todo o programa da troika, o equilíbrio da balança comercial, tem sido
conseguido apenas graças ao combustível, ao turismo e à redução das
importações.
Melhor do que nós, e em poucas palavras, Nicolau
Santos explica-nos no Expresso Economia o que se passa, com o texto seguinte:
E quando tudo
parecia não correr mal, eis que chegou o sr. Subir All e nos despejou um balde
de gelo nas costas. Com efeito, o relatório do FMI sobre o “sucesso” do nosso
ajustamento é devastador. O excelente comportamento das exportações é afinal
altamente vulnerável, porque não assenta em novos investimentos e produtos mas
no aproveitamento do que existia; o extraordinário ano turístico resulta de um
aumento em volume e não do preço; e há um enorme peso dos produtos exportados
pela Galp. Ao contrário, as importações vão aumentar assim que houver recuperação
da procura interna – vão subir de novo as compras de bens de consumo e de
maquinaria. É por isso que o Fundo propõe novas descidas salariais e que se
tornem definitivos os cortes das pensões. A sua reposição levaria aos
desequilíbrios externos que existiam antes da crise. Ou seja, depois de três anos
de ajustamento, o perfil produtivo da economia não está melhor, nem os
desequilíbrios debelados. E só não ressurgirão se salários e pensões
continuarem a ser estrangulados.
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