O artigo de opinião de Pacheco Pereira
que se pode ler no Público de ontem é constituído por vinte perguntas ao
Governo, todas elas muito pertinentes. Dada a extensão do texto, tentámos
resumi-lo, de modo a que não perdesse o seu sentido.
- Tendo em conta que dos
objectivos iniciais do Memorando, considerados fundamentais (…), se contava
conseguir controlar o défice para os seguintes números: 5,9% em 2011, 4,5% em
2012, 3% em 2013 e se chega ao final de 2013 com o défice previsto de 5%, como
é que se pode afirmar que o “cumprimento” do Memorando foi um “sucesso”?
- Tendo em conta que a dívida
máxima prevista no Memorando era de 114,9 % do PIB, e a dívida no final de 2013
era de perto dos 130% do PIB, como é que se pode afirmar que o “cumprimento” do
Memorando foi um sucesso?
- Que papel têm no fechar de
olhos europeu e da troika
a estes resultados muito longe do previsto, as circunstâncias
políticas das próximas eleições europeias com um ascenso claro de forças
antieuropeias para quem a permanência da crise do euro e das dívidas soberanas
é um argumento central?
- Será que o Governo espera
recolher os louros de curto prazo com uma saída “limpa” e depois deixar os
problemas de sustentabilidade da “limpeza” para os seus sucessores na
governação? Quem vier a seguir encontrará uma espécie de bomba relógio deixada
pela “saída limpa” que permanece dormente durante dois anos e depois explode
nas mãos de quem estiver no Governo?
- Quando é que as políticas
de severa austeridade serão, no entender do Governo, primeiro mitigadas e
depois terminadas? Daqui a dez anos? Vinte? Trinta?
- Quando é que os salários
começam a crescer, o desemprego a diminuir, as reformas a retomar valores do
passado, o poder de compra dos portugueses a aumentar?
- O que é que o Governo vai
fazer para que o “milagre económico”, que depende das empresas, mas também do
trabalho, conheça uma mais equilibrada distribuição de riqueza na sociedade,
para evitar agravar o fosso da sociedade portuguesa, entre ricos e pobres?
- Que políticas tem este
Governo para este número muito elevado de portugueses [os chamados “desencorajados”
que já nem sequer se deslocam aos centros de emprego regularmente]? Desde já.
- Tendo em conta que existem
mais umas largas centenas de milhares de portugueses (…) que não têm
perspectivas de emprego provavelmente até ao fim da vida, que políticas tem
este Governo para este número muito elevado de portugueses? Desde já.
- Que políticas existem ou
estão previstas para retirar as pessoas da pobreza? Ou a sua condição é
considerada imutável apenas para manter de forma mais ou menos assistencial?
- Como é que o
Governo pode pensar que em Portugal se vai dar um “milagre” económico com a
pauperização do principal sector dinâmico da sociedade, a classe média?
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