A
criação de um estado palestiniano encontra-se num impasse esbarrando na intransigência
israelita agora representada pela aliança entre Netanyahu e o seu aliado de
extrema-direita Lieberman. Para ambos, a existência de dois estados, um
israelita e outro palestiniano, livres e independentes só será aceite depois da
aniquilação total dos palestinianos… Não há qualquer exagero nesta afirmação na
medida em que se percebe claramente a estratégia dos governantes sionistas. Em
última análise, eles querem levar a cabo com o povo palestiniano a solução
final preconizada por Hitler para o povo judeu, utilizando obviamente meios
mais elaborados e cínicos do que o ditador nazi.
É
claro para todo o mundo que esta situação nunca se vai alterar se não houver
uma mudança de atitude do ocidente, nomeadamente dos Estados Unidos da América
que vão permitindo a recusa de Israel em cumprir as resoluções da ONU que lhe
são desfavoráveis, na questão palestiniana.
Neste
artigo de opinião que transcrevemos do Público de hoje, o embaixador da
Palestina, Hikmat Ajjuri denuncia a estratégia “anti paz de Netanyahu e dos
seus semelhantes na ala direita”.
Em
1996, Netanyahu foi eleito, pela primeira vez, Primeiro-Ministro de Israel como
resultado de um manifesto que promete destruir os acordos de Oslo, de acordo
com declarações do próprio no seu livro de 1993 Lugar
ao Sol.
Netanyahu
foi, até agora, eleito quatro vezes, porque domina a arte de assustar o seu
próprio povo, criando inimigos para se manter a si e ao seu povo num estado de
guerra permanente, e desta forma leva a que, neste momento, muitos israelitas
até acreditem que todos os não-judeus são inimigos. Os media israelitas
chegaram à conclusão de que o assassínio do visionário político de Israel, o
falecido Primeiro-Ministro Rabin, foi um acto de provocação pela linguagem anti
paz de Netanyahu e dos seus semelhantes na ala direita.
Todos
os que assistiram às últimas eleições israelitas, em Março de 2015, ainda se
lembram de que Netanyahu foi eleito em última instância pelo manifesto do
grande NÃO ao Estado da Palestina enquanto ele estiver a governar. Esta negação
do direito palestiniano a um Estado, como desafio absoluto de todas as leis
criadas pela humanidade, tem sido e ainda é um objetivo primordial para
Netanyahu em toda a sua vida política. Uma negação que se aproveitou
devidamente das negociações como uma cortina de fumo para a expansão
territorial e a construção de colonatos ilegais nos territórios palestinianos
roubados.
Quando
o amigo do falecido Arafat, o Ex-Presidente francês Jacques Chirac visitou a
Terra Santa em 1996, o então Primeiro-Ministro, Netanyahu, pediu às equipes de
negociação israelitas e palestinianas para retomarem as negociações. Estas
equipes foram para o hotel, foram postas em quartos separados, e depois, foram
enviadas para casa sem trocarem uma palavra sequer, no mesmo dia em que Chirac
terminou a sua visita.
Este
estilo de Netanyahu é reconhecido por todos os seus colegas em Israel, entre
eles o Ex-Primeiro-Ministro Sharon, que uma vez disse a Netanyahu "um
mentiroso foste e um mentiroso permanecerás".
Ironicamente,
os políticos de todo o mundo estão habituados a fazer ouvidos moucos e olhos
cegos às mentiras e alegações de Netanyahu, por diferentes razões, mas
principalmente com base na percepção destes da própria política: "a arte
do possível inclui mentiras ".
Por
estes dias, temos na mesa política internacional uma iniciativa francesa séria,
nascida do ventre da responsabilidade e da crença de que já bastam sete décadas
de sofrimento dos palestinianos, vítimas da criação de Israel em 1948.
Acrescendo
a isto, o facto de que as repercussões prejudiciais desta injustiça histórica,
infligida aos palestinianos, criaram um estado de instabilidade e um ambiente
próspero para o terrorismo na região e fora dela.
Ao
convidar todos os actores influentes do teatro político mundial, a iniciativa
francesa oferece uma cooperação criativa capaz de encontrar uma solução para
acabar favoravelmente com o conflito israelo-palestiniano com base na Lei
Internacional.
Com
o seu famoso estilo de utilizar truques, o apelo de Netanyahu nestes últimos
dias para conversações bilaterais, na tentativa de frustrar, propositadamente,
a iniciativa francesa, deve ser um motivo de alarme para todos os políticos
decentes do mundo, em particular aqueles que estarão reunidos em Paris no dia 3
de Junho e, portanto, deverão ignorá-lo.
Só
nos últimos seis meses, mais de 300 crianças palestinianas foram mortas e mais
de 1500 foram presas e torturadas nas mãos das forças de ocupação israelita. A
iniciativa francesa, com base no Direito Internacional Humanitário, é uma
ferramenta urgentemente necessária para convencer os residentes da Terra Santa,
os palestinianos e os israelitas que pedem vingança, de que a lei do olho por
olho vai deixar ambos cegos (Gandhi). Esta iniciativa é uma ferramenta
ideológica não-violenta urgentemente necessária, também, para dizer a todos os
terroristas no mundo que não há ninguém acima da lei, sejam eles indivíduos,
facções ou estados, e que todos nós prestamos contas e cumprimos a lei da mesma
forma.
Finalmente, reitero que o
recente apelo de Netanyahu às negociações bilaterais, que decorre da sua
natureza camuflada para contrariar a iniciativa francesa, é consistente com a
lei da insanidade de Einstein: “continuar a fazer sempre a mesma coisa e
esperar um resultado diferente."
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