Na
véspera do início da X Convenção do Bloco de Esquerda o jornal i publicou uma
longa entrevista a Mariana Mortágua. Com algum atraso aqui deixamos os pontos
fortes dessa entrevista da deputada do Bloco de Esquerda.
Não
acho excessivo o maior banco português [a CGD] ter uma grande recapitalização.
Um
banco [a CGD] que tem quase 25% dos activos do sistema bancário deve ter uma
recapitalização em proporção dos activos que tem.
O
PSD e o CDS querem mostrar que a CGD é tão mal gerida como qualquer banco privado
, e sendo indiferente se a propriedade é pública ou privada, mais vale deixar
entrar dinheiro privado na CGD.
[A
CGD] está a meio de um processo de recapitalização. Não acho que neste contexto
uma comissão de inquérito seja o método mais prudente e eficaz de investigar a
Caixa.
Não
há razões para temer uma auditoria forense [à CGD]. Não é feita na praça
pública.
A
Comissão Europeia é movida por uma visão ideológica. Não quer um sistema
financeiro público ou que obedeça a critérios públicos.
A
caixa foi instrumentalizada para negócios que não eram benéficos para o
interesse público.
Naquilo
que estiver ao nosso alcance, não permitiremos que um processo semelhante [de
dispensa de pessoal] se passe na CGD.
Há
uma enorme confusão sobre o que é o papel do BdP no sistema financeiro.
[O
BdP] é mais uma vez uma entidade que não aceita ser escrutinada.
Seria
importante chegarmos á conclusão que a intervenção no Banif foi a pior solução
de todas, e só foi feita porque foi imposta pelas autoridades europeias.
Se
alguma vez formos colocados numa situação em que a UE nos diz que o nosso
programa económico e social não pode ser implementado apenas porque eles não
deixam, temos de ter uma cláusula de salvaguarda e de saída que nos permita, de
forma soberana e democrática, implementar um projecto que é sufragado e votado
pelo país.
O
que aconteceu na Grécia diz-nos que há instituições europeias que estão
dispostas a ultrapassar qualquer regra para manter o seu plano ideológico.
Acho
que o próprio Syriza não sabe muito bem o que é.
A
pressão das instituições europeias torna muito difícil para os diversos
governos e partidos terem uma atitude puramente confrontacional.
[A
social democracia] institucionalizou o neoliberalismo.
Hoje
não temos mecanismos para combater fenómenos especulativos dos mercados
financeiros sobre a dívida pública, não temos mecanismos para controlar
capitais, não temos mecanismos para determinar o que o BCE faz.
Enquanto
houver a obsessão do défice não teremos recursos necessários para a política de
crescimento económico que seria absolutamente necessária ao país.
Nós
[Bloco] não temos nenhum fetiche pelo poder.
Não
faz nenhum sentido o Bloco manter-se num acordo e apoiar um orçamento se o
nível de exigência não for o máximo.
Temos
de perceber que nem a geringonça está em permanente risco de se dissolver nem
há uma relação em que alguém esteja no bolso do outro.
A
estagnação e a instabilidade que se vive em Portugal e na Europa coloca-nos
desafios importantes.
A
precariedade causa desemprego no médio e longo prazo.
Não
há divergências políticas de fundo dentro do partido.
[Dentro
do Bloco] aconteceu uma remodelação geracional que funcionou.
Não
nos podemos esquecer que o que faz um partido é o seu projecto colectivo.
Estou
habituada a ser tratada com condescendência.
[Na comissão do BES] não fiz
absolutamente mais nada do que dizer aquilo que passava na cabeça de toda a
gente.
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