domingo, 10 de dezembro de 2017

GRANDE ENTREVISTA DE FRANCISCO LOUÇÃ AO JORNAL I



De uma longa entrevista de Francisco Louçã ao Jornal i, publicada na sua edição de fim-de-semana (8/12/2017), aqui destacamos algumas das afirmações do ex-lider do Bloco de Esquerda, por as considerarmos mais importantes embora se aconselhe a sua leitura integral.

- O que mudou substancialmente [em relação à crise de 1929] é que o setor financeiro é agora muito mais poderoso e amplo, com muito mais relações com o setor público, que em 1929-1930.

- Vinte cinco anos antes da crise de 2007-2008 [o sistema financeiro] já tinha ganho uma enorme independência em relação à capacidade de controlo público.

- A posição de Keynes é que não era possível haver politica de gestão orçamental e de gestão política pública sem um controlo sobre as taxas de juro.

- [Até à liberalização dos movimentos de capitais com Thatcher e Reagan] toda a construção do capitalismo moderno foi feita com o controlo dos Estados sobre as condições de acumulação de capital.

-  [Depois da crise do subprime, presidentes de bancos centrais, governantes e principais partidos políticos] estão todos formatados dentro dessa amálgama dessas políticas neoliberais, tendo a ideia de que o mercado é que resolve as coisas.

- É evidente que na sequência desta grande crise [2007] e durante a retoma medíocre, a grande preocupação das organizações patronais é manterem o esvaziamento da contratação coletiva e a capacidade reivindicativa dos trabalhadores.

- A concentração bancária aumentou.

- Há uma bolha imobiliária na China; há sobretudo uma bolha financeira na Europa com instituições que não são capazes de responder a uma crise destas.

- Nas 1000 maiores empresas, quase 500 pagam mais em custos financeiros do que em custos do trabalho.

- Se é possível ou não [um processo de desglobalização e desfeinanceirização da economia] depende completamente da correlação de forças e da vontade política.

- Agora, nós vamo-nos aproximando de um novo colapso financeiro. (…) mas o certo é que entraremos nesse colapso em condições muito mais degradadas do que tínhamos em 2007-2008.

- Na verdade, os países que se protegeram melhor da crise do susubprime foram aqueles que tinham controlo de capitais como a China, Coreia do Sul e outros países asiáticos.

- É preciso que haja controlo público da banca.

- Nos estados constituídos como tal, como é o caso de Portugal, a forma de responder à globalização e, aliás, a única forma de disputar a relação de forças neste processo de globalização é ter um Estado nacional.

- Uma política socialista é uma política que constrói relações de forças e procura disputá-las; para o fazer, tem de construir uma maioria popular.

- A política tem de estar para além daquilo que é imediatamente possível.

- Só se pode combater a finança sombra com uma ideia de rutura, porque se trata de um poder gigantesco. Os resultados da Goldman Sachs são superiores ao PIB se 100 países do mundo. eles tratam os governos como o contínuo da sua filial da Rua Augusta. Não há nenhum caminho viável ou realista, para a esquerda, que não seja o enfrentamento com o poder financeiro.

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