terça-feira, 15 de setembro de 2009

Campanha do BE também entra no caso TGV: Louçã acusa Ferreira Leite de repetir a rotina Jardim


O lugar não podia ser mais propício (no interior de um comboio) e as declarações da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, revelaram-se oportunas. Francisco Louçã entrou ontem na discussão que José Sócrates e Ferreira Leite têm vindo a travar sobre o TGV para acusar a presidente dos sociais-democratas de repetir a “rotina de Alberto João Jardim”.

Durante uma viagem entre Santarém e o Entroncamento (iniciativa que chamou a atenção para a defesa da introdução do passe social para a ferrovia entre o Entroncamento e Lisboa), o líder do BE foi confrontado com as mais recentes declarações de Ferreira Leite sobre o comboio de alta velocidade e a comparação entre a perda de fundos comunitários e os saldos. “Manuela Ferreira Leite fez um favor aos espanhóis quando era ministra e diz que é um favor aos espanhóis agora. Nada disso tem sentido. Nenhuma decisão em Portugal deve ser feita para se fazerem favores a Espanha”, começou por dizer.

Mas logo de seguida foi mais acutilante nas palavras e, acusando implicitamente Ferreira Leite de incoerência, lembrou o projecto do Governo de Durão Barroso. “Manuela Ferreira Leite devia olhar para trás e perguntar se quando queria quatro ou cinco linhas se estava a fazer quatro favores a Espanha”, afirmou.

As afirmações da presidente social-democrata estão a “baixar o debate político a um nível que não esclarece nada”, sustentou Louçã. Que aproveitou a deixa para lançar a estocada final: “Não esclarece nada, não traz nada de novo. É um pouco a rotina de Alberto João Jardim.”

O assunto TGV chegou já ao final do dia, depois de Louçã e de Fernando Rosas, cabeça de lista por Setúbal, terem almoçado em Palmela com representantes das comissões de trabalhadores do parque industrial local. António Chora, presidente da comissão de trabalhadores da Autoeuropa e dirigente do BE, foi o anfitrião do repasto, na Tasquinha Alentejana. Local onde Louçã aproveitou para responder a Paulo Portas por causa da acusação de que o líder bloquista ia na “peugada” de Salazar ao querer tributar o uso livre de telemóveis (o ditador tributava o uso de isqueiros, lembrou o presidente do CDS-PP).

Louçã começou por dizer, num tom assertivo, que o BE não está nesta campanha “para discutir com Paulo Portas”. Mas não resistiu a criticar o líder popular de “saltar ao ar” cada vez que o BE faz referências aos “administradores” e às suas “mordomias”.

Refutou Portas, mas foi equívoco quando questionado sobre a abrangência da proposta. “Mas há trabalhadores que têm telemóveis da empresa”, disse-lhe um jornalista da SIC. “Com certeza, isso [a tributação no IRS] aplica-se a todos”, replicou o bloquista.

Do distrito de Setúbal, onde o BE espera eleger três deputados (sabendo de antemão que não vai ter vida fácil com a CDU), Louçã viajou para um dos distritos mais mediáticos destas eleições – Santarém –, onde o Bloco quer eleger pelo menos um deputado, neste caso José Guilherme Gusmão, e para o qual reservou o comício da noite de ontem, no Entroncamento.

Sem comentários:

Enviar um comentário